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As dropadas de João


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*Artigo por Santana Dardot

João não aproveitou aquele carnaval inesquecível.
Nunca tomou um porre.
Nunca entrou no cheque especial.
Nunca fez um trabalho de faculdade, nunca trabalhou.
Não transou, não casou, nem teve um grande amor.
É que João, aos 14 anos, deixou de existir.

Se fosse João um brasileiro médio, aquele dos dados do IBGE, a história seria outra, teria vivido até os 74 anos.

No Brasil, 75% das empresas teriam o mesmo triste destino de João. Encerrariam suas atividades em até 14 anos de vida. Claro que sabemos que a dinâmica de uma empresa não é exatamente comparável com a de uma pessoa. Existem fusões, mudanças de mercado e de vontade dos controladores, mas continua sendo uma realidade chocante.

Seria um problema somente de nós brasileiros, como se fôssemos condenados a ser um João Macunaíma? The hole is lower down. E maior e mundial. No ranking das 500 maiores da Standard & Poor’s, a vida média dessas empresas caiu de 35 anos, em 1975, para 20 anos hoje.

Por que empresas líderes, com mais de 20 anos morrem assim? Será então mau gerenciamento? Liderança equivocada?

As empresas se baseiam em atender às necessidades da sociedade e o que está acontecendo é que a velocidade da mudança dessas necessidades e de como atendê-las tem sido cada vez maior. Cada vez mais, essas mudanças tem sido disruptivas e embaladas por novas tecnologias e novos hábitos vão criando e destruindo mercados rapidamente.

Surfar nesse mar não é fácil. É como se, em 20 anos, as ondas do mar diminuíssem sua duração pela metade. Surfaríamos menos tempo cada onda. Mas, se ao mesmo tempo, a frequência de surgimento de novas ondas aumentasse, teríamos mais ondas para surfar, que eventualmente se sobrepõem, se somando ou se destruindo.

O que as empresas precisam entender então é que nesse mar revolto que se tornou o mundo, não há outra alternativa, senão investir constantemente em inovação e empreendedorismo com a mesma energia que se tem investido em processos e produtividade.

A próxima onda a vir não é o seu plano B. É ela que vai manter sua empresa viva e empregar o João, que na verdade não morreu, tem 33 anos e adora dropar nas ondas antes de ir pro trabalho.


da foto santana

Santana Dardot é um dos líderes do Comitê de Empreendedorismo da ABRADi Nacional, vice-presidente da ABRADi-MG, sócio e Diretor de Proatividade da Tom Comunicação, tem 39 anos e não surfa, mas adora fazer cicloviagens pelo mundo.

 

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