É oficial: após rejeitar a apelação das empresas de tabaco, a Suprema Corte da Austrália declarou que a nova lei para embalagens de cigarro obrigatórias do país é constitucional. Olhe para elas, ali em cima — a partir de 1º de dezembro, as indefectíveis embalagens atuais serão totalmente substituídas pelos horrores do fumo.
E esteja certo: cedo ou tarde essa ideia chegará ao resto do mundo.
O processo contra o governo australiano foi ajuizado pelos suspeitos usuais: a British American Tobacco (fabricante do Lucky Strike), a Japan Tobacco International, a Imperial Tobacco e, claro, a Philip Morris, fabricante do Marlboro.
A nova lei institui uma embalagem genérica para todas as marcas, usando uma combinação de verde oliva, amarelo e preto, com um texto em letras garrafais de alertas e fotos coloridas mostrando os efeitos nocivos do cigarro de forma bastante visual.
Todo o design das marcas será reduzido ao rodapé, um mero identificador do nome, variante e quantidade de cigarros no maço. Os iconográficos designs do Marlboro, Lucky Strike ou Camel, que ainda sobrevivem no resto do mundo cheios de alertas do tipo “O CIGARRO MATA” ou “FUMAR CAUSA IMPOTÊNCIA”, bem como imagens impactantes menores (como ocorre no Brasil), sumirão por completo.
As empresas protestam contra a decisão, mas não podem fazer nada na prática. O argumento que elas usam, porém, é surpreendente. Elas não defendem que as embalagens possam desacelerar as vendas e reduzir o apelo dos seus produtos. O argumento deles é que isso ajudará os criminosos (!?). Nas palavras de Sonia Stewart, da Imperial Tobacco, “a legislação tornará o trabalho dos contrafeitores mais barato e fácil ao ordenar como uma embalagem deve parecer.” Como se replicar uma embalagem de Marlboro atual fosse muito difícil.
Não me surpreenderei se o fumo se transformar em uma indústria totalmente genérica na próxima década. [High Court of Australia via BBC News via El Mundo]