Se você tivesse mil vendedores em sua empresa e apenas 8 deles fossem responsáveis por mais da metade dos novos clientes, você acharia que tem algo estranho? Esse é mais ou menos o cenário da geração de empregos hoje no Brasil. Assim como mostra a 4ª edição do estudo Estatísticas de Empreendedorismo, lançado em dezembro de 2014 pela Endeavor e o IBGE, as Empresas de Alto Crescimento (EACs)* são as maiores responsáveis pelo avanço econômico do país.
Em 2012, existiam quase 4,5 milhões de empresas no Brasil. Dessas, pouco mais de 35 mil (1,5% das empresas empregadoras) podem ser consideradas de alto crescimento, e são responsáveis por gerar 3,3 milhões de novos empregos, ou 60% do total de empregos criados entre 2010 e 2012. Ao considerarmos os postos gerados por empresas com dez ou mais funcionários, a participação das empresas de alto crescimento é ainda maior: 77,6%. As empresas de alto crescimento se sobressaem não só pela geração de emprego, mas pela geração de valor adicionado acima da média. Em 2012, as empresas ativas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas geraram R$ 1,68 trilhão em valor adicionado bruto, sendo empresas de alto crescimento responsáveis por 15% desse total (R$ 252 bilhões). Os dados apresentados reforçam a relevância de se analisar o comportamento e as características desse conjunto de empresas, para que tenhamos cada vez mais empresas que crescem e transformam o país.
Quem são essas empresas?
Algumas características das empresas de alto crescimento se destacam. Mais de 50% delas são pequenas empresas – possuem entre 10 e 49 pessoas ocupadas nos três anos considerados: 50,9% (2010), 51,5% (2011) e 51,7% (2012). Por outro lado, menos de 10% das empresas de alto crescimento eram consideradas grandes empresas, com mais de 250 funcionários. No entanto, ao considerarmos a distribuição do pessoal ocupado e o pagamento de salários, este cenário se inverte: em 2012, as empresas de grande porte ocupavam 62,9% do total e pagavam 67,5% dos salários e outras remunerações. Por fim, do total de postos criados no triênio 2010-2012, 63,9% (2,1 milhões) foram criados por empresas de grande porte e apenas 9,4% (312 mil) por empresas com até 50 funcionários. Tal realidade é uma peculiaridade brasileira, uma vez que dados internacionais sugerem que em países como os Estados Unidos, Holanda e Itália, a relevância das empresas de pequeno e médio porte é muito maior. Nos Estados Unidos, por exemplo, a participação das empresas com 10-49 funcionários entre as empresas de alto crescimento era de 83% em 2012.
Onde estão essas empresas
Se por um lado há mais EACs nas regiões Sudeste (50,6%) e Sul (19,1%) e menor no Norte (4,9%), essa relação se inverte ao considerarmos a representatividade dessas empresas. Em termos proporcionais por região, o Nordeste aparece na liderança, com 11,4% de todas empresas locais da região sendo consideradas de alto crescimento, com as da região Norte (11,0%) na sequência. Já o Sul é o quinto e último colocado, com uma taxa de 10%. Em termos de concentração de pessoal ocupado, o Nordeste novamente aparece em primeiro, com 21,7%, seguido pelo Norte (21,5%), Centro-Oeste (19,5%), Sudeste (18,8%) e Sul (15,1%). Os resultados acima sugerem que o crescimento econômico das regiões Norte e Nordeste favoreceu o crescimento das empresas da região, tanto em termos de pessoal ocupado, quanto em número de empresas.
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* Uma empresa é considerada de alto crescimento quando apresenta um crescimento médio de pessoal ocupado de pelo menos 20% ao ano, por um período de três anos consecutivos, e tem pelo menos 10 pessoas ocupadas assalariadas no ano inicial de observação.
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