Steven Holl (1947-) é um aquarelista e arquiteto americano graduado pela Universidade de Washington. Atualmente além de possuir um escritório com seu nome é professor na Universidade de Columbia (Nova Iorque). Possui projetos espalhados pelo mundo, dentre esses estão: um prédio multifamiliar ao sul de Fukoka (Japão), o Escritório Sarphatistraat em Amsterdan (Holanda) e o Museu de Arte Contemporânea em Kiasma (Finlândia).
O método de projeto de Holl incorpora reflexões da fenomenologia e uma das suas referências é o filósofo francês Merleau-Ponty, que escreveu o título “Fenomelogia da Percepção”. Para o arquiteto o espaço arquitetônico deve provocar os sentidos do usuário. Não bastam os estudos técnicos, a arquitetura nessecita ser experimentada e percebida pelos nossos diversos sentidos.
“O teste é a experiência da arquitetura. Qual é a questão fenomenológica? É quando o corpo se movimenta pelo espaço.Ou quando o espaço e o corpo atuam juntos, aceitando a elevação de diferentes ângulos, vistas, cheiros, texturas e detalhes”.
Diante dessa acurada sensibilidade, Holl cria em um ritmo próprio. Quem procurar Steven para contratar um projeto deve estar ciente de que ele não atende a clientes apressados. O arquiteto diz que não participa de um concurso se não tiver 6 ou 7 semanas para trabalhar, assim define criteriosamente em quais projetos se envolver:
“As pessoas definem meu trabalho como o de um artista não por aquilo que eu escolho fazer, mas por aquilo que eu me recuso a fazer”
No começo desse mês seu escritório de arquitetura anunciou que haviam sido contratados para projetar o Museu da Ecologia e do Planejamento da Eco-Cidade de Tiajin na China. O projeto monumental (com 40.000 m²) seria inspirado no símbolo do Yin-Yang. Um volume é o “negativo” do outro. Os croquis (abaixo) prometem um edifício escultórico, porém não é desse projeto que falarei.
“O Museu do Planejamento é um espaço ‘de subtração’, enquanto o Museu da Ecologia é um complemento ‘de adição’, um espaço reverso daquele esculpido no Museu do Planejamento.”
Apesar desse recente anúncio, fiquei mais encantada com a Capela de Santo Inácio, construída em Seattle (Washington) no ano de 1997. É o edifício correspondente ao croqui mostrado na abertura desse texto. Assim como o projeto do museu, tem uma volumetria escultórica.
O partido arquitetonico inspirado em “garrafas dentro de uma caixa de concreto” resultou em uma composição fragmentada, característica da arquitetura desconstrutivista contemporânea. O maior mérito que enxergo no projeto se refere, no entanto, ao uso da iluminação natural como recurso cênico.
“A metáfora da luz é moldada em diferentes volumes que emergem do telhado cuja irregularidades visam diferentes qualidades de luz”
Fazer com que o Céu pareça ter descido à Terra é um artifício inaugurado pela arquitetura gótica. Desde então esse recurso tem sido usado por grandes mestres. São famosas a capela em Rochamp de Le Corbu, a Catedral de Brasília de Niemeyer e a Igreja da Luz de Tadao Ando. Apesar da similaridade conceitual, os efeitos plásticos são bem diversos e sempre encantadores.
No caso da Capela de Santo Inácio, cada volume luminoso corresponde a um item do programa de uma igreja católica. Quando a iluminação zenital transpassa as “garrafas coloridas” um ambiente étereo surge.
O cenário muda de acordo com o movimento do sol e a depender da hora do dia diferentes composições cromáticas refletem nas paredes e piso da capela. Captar essa dinâmica, apenas é possível adetrando o espaço. Para quem está longe, restam os registros fotográficos que mais se assemelham a pinturas abstratas.
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Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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