Se você é leitor constante desta coluna, deve saber que eu sou um arauto da tal “revolução gamer portátil”. Pelo menos é assim que já fui chamado por alguns detratores mais gentis; as alcunhas que me dão são, na maioria das vezes, impublicáveis.
Eu noto que há um sentimento de bastante má vontade dos gamers tradicionais em relação ao impacto de aparelhos celulares e tablets na indústria dos videogames. Creio que parte é a rejeição natural do que é novo (seres humanos são inerentemente reacionários a mudanças; os constantes redesigns do layout de qualquer rede social é um lembrete vívido disso), parte é a rivalidade histórica entre jogadores casuais e jogadores “de verdade”, digamos assim.
Como boa parte do que se oferece em aparelhos do tipo são jogos casuais, é até esperado que os gamers hardcore torçam o nariz.
Apesar de já ter declarado algumas vezes que não tenho fé em investidas recentes como o 3DS e o PS Vita, parte de mim quer muito que eles sobrevivam. Sou gamer desde criança e me atraio particularmente por consoles portáteis, por mais que eu bata o pé e afirme que esse tipo de console está com os dias contados, me surpreendi quando percebi que aguardava o recente lançamento do PS Vita com excitação. Eu percebi que, apesar de tudo, queria participar dessa nova geração.
É, eu virei casaca mesmo. Argumentei tanto que consoles portáteis estavam entrando em extinção, e é só vê-los nas prateleiras que bate aquele ímpeto de gamer consumista (uma redundância, talvez?).
Logo que pude brincar com um Nintendo 3DS (que esteve disponível muito antes do Vita), bateu uma decepção tremenda. O bendito efeito 3D me afetou ainda mais do que eu esperava de acordo com a cautela recomendada por resenhas. Cinco minutos de Mario Kart 7 com o efeito 3D ligado me custava entre trinta e quarenta minutos de tontura e mal-estar em seguida. Tentei com o efeito 3D em níveis diferentes de intensidade mas o resultado foi mais ou menos o mesmo. Aparentemente, sou um desses pobres coitados que não conseguem ver efeito tridimensional muito bem.
É uma pena, porque enquanto não estou passando mal com o console na mão, o efeito é bem bacana e aumenta muito mais a experiência do jogo.
Relutante, fui obrigado a aceitar o fato de que eu provavelmente jamais comprarei um Nintendo 3DS. Sim, eu sei o que você vai dizer: eu deveria então jogar sem o efeito 3D, não é?
Não dá. Eu não consigo aceitar isso. 3D está no nome do console, é parte intrínseca da experiência do videogame e é essencialmente o motivo de sua existência. Eu sei que parecerá uma analogia exagerada, mas para mim é como comprar um Xbox 360 e tentar se virar sem usar um dos analógicos. É assim que me sinto quanto sou forçado a considerar comprar um console e simplesmente ignorar uma de suas funções.
E não esqueçamos disto aqui: