Estamos em 2012.
A humanidade alcançou avanços tecnológicos incríveis – apesar de ainda estar nos devendo o overboard. A comunicação mudou completamente, deixando de ser vertical para tornar-se multidirecional. O papel das pessoas mudou. Elas deixaram de ser apenas target, e se tornaram veículos e produtores de conteúdo.
Mas tem coisa que não há tecnologia que mude.
Do século XV ao século XVII a humanidade, cega, caçou bruxas. Os motivos, como hoje sabemos, eram o fanatismo, o preconceito e superstição. Mulheres foram perseguidas, condenadas sumariamente e atiradas a fogueiras. Mas ficou pra trás, não é mesmo?
Não.
Estamos acompanhando, em pleno século XXI, uma nova caça as bruxas.
Bruxas sem narizes aduncos, que trocaram caldeirões por notebooks e os antigos “livros de magia” por blogs. Bruxas cujo poder parece ser transformar textos em dinheiro, e cuja maior mágica parece ser a multiplicação de “inimigos”.
A blogueira de moda virou alvo de uma patrulha impressionante. Qualquer caso que envolva uma delas gera buzz, torna-se febre, alastra-se. Virou cool ser contra blogueiras de moda. Virou cool persegui-las, criticá-las e condená-las, a ponto de uma blogueira (ruim) de moda criar um fake para humilhar e ridicularizar suas “concorrentes” e tornar-se famosa e querida por isso.
E a perseguição vem de onde menos se espera. Blogueiros que já foram vítimas de críticas ferozes por ganharem dinheiro hoje atacam blogueiras de moda porque elas “ganham dinheiro de forma muita fácil”. E mais assustador ainda é ver “profissionais” de social media perseguindo-as, afinal acham que vão mostrar saber das coisas apenas surfando sobre a onda das críticas.
Estamos em um tempo onde “profissional” de social media denuncia publieditorial em blog de moda ao CONAR – o mesmo que blefou prometendo uma ação pela regularização da área, por cobrança da turminha “comando de caça” a blogueira de moda – e comemora o fato de ter a denúncia acatada.
Estamos em um tempo onde uma matéria tendenciosa escrita por um jornalista CRIMINOSO (veja aqui) que tinha como objetivo atacar um marketeiro termina por gerar uma série de ataques contra uma das mais famosas blogueiras do Brasil: Camila Coutinho, do Garotas Estúpidas.
A matéria foi publicada para extorquir Antônio Lavareda. A namorada de Lavareda tinha participação no evento criado e realizado por Camila há mais de 6 anos, o Shopping Day. Levantar falsos dados sobre o evento – sobre a verba pública de apoio que o mesmo teria recebido – foi uma forma que Ricardo Antunes encontrou de atingir Lavareda por meio da namorada.
No meio dessa confusão, Camila.
E, claro, aproveitando-se da confusão, a patrulha da blogosfera caiu em cima da blogueira chamando-a de criminosa e acusando-a, entre outras coisas, de, pasmem, corrupção passiva.
Assustador é que muitos partiram para o ataque sem ao menos pesquisar o que aconteceu ou se de fato havia algo de ilegal ou amoral no fato de um evento, criado por uma blogueira, receber apoio público. Será que o problema é ser um evento realizado por uma blogueira de moda?
Ao invés de críticas e perseguição a tais meninas não acham que deveriam pesquisar o que elas estão fazendo corretamente a ponto de ganharem relevância e dinheiro? Não acham que deviam estudar o motivo do amor das leitoras de Luiza Gomes por ela? Ou da relevância de Julia Petit? Ou do sucesso de Camila Coutinho ao criar um evento off que é um dos únicos exemplos de transferência de relevância on para off no Brasil?
O grande erro dessas gurias é estar tendo sucesso no país dos coitadinhos.
Ao acompanhar essa onda, eu fico envergonhado. Envergonhado de ver um mercado que tanto cresce ir sendo preenchido por pessoas preconceituosas e que agem como gado, seguindo a manada sem questionar. Fico envergonhado de viver o tempo de uma caça as bruxas.
Joseph McCarthy ficaria orgulhoso de vocês.
PS – Deixo-os com uma frase do genial Rob Gordon que deveria fazer sentido pros patrulheiros da web: “O revolucionário de sofá brigava com a feminista que brigava com o machista que brigava com o homofóbico que brigava com o militante de esquerda que brigava com o militante de direita que brigava com o fã radical de música que brigava com o jornalista que brigava com o blogueiro que brigava com o defensor do politicamente correto que brigava com o fã radical de música que brigava com a menininha da moda que brigava com o metido a nerd que brigava com o sujeito comum que desligou o PC e foi viver.”
*coluna escrita por Eden Wiedemann, consultor em Social Media e presença digital