Em um terreno mal cuidado e aparentemente vazio a 95 quilômetros ao leste de Los Angeles, a Dra. Alexis Gray, uma antropóloga forense do Departamento de Polícia do Condado de San Bernardino, aponta para uma cerca de arame no horizonte, as montanhas estendendo-se ao infinito na atmosfera abafada. “Existem 7.000 pessoas entre nós e aquela cerca”, ela diz. Por quase uma década, seu trabalho tem sido identificar cada uma dessas pessoas.
De 1908 até 2008, esse terreno de 1 hectare e meio nos limites de um cemitério de San Bernardino se tornou o local de descanso da maior parte dos corpos não-identificados do condado. Nem todos os corpos, no entanto, são não-identificados: muitos dos cadáveres são de indigentes, o que significa que seus parentes não tinham dinheiro para um enterro, ou que ninguém se ofereceu para pagá-lo. Mas cerca de 10% desses corpos — cerca de 700 cadávares — foram enterrados sem nenhuma identificação. Alguns foram vítimas de assassinatos ou sequestros, mas a maioria simplesmente foi apagada da sociedade. O governo pagou seus funerais, e se assegurou de que eles seriam enterrados propriamente. Mas décadas depois — ou um século depois, em alguns casos — ninguém sabe quem eles são.