Censura é um assunto que sempre levanta discussões, afinal é algo que quase sempre traz resultados negativos. Ninguém gosta de ter seu direito de se expressar cerceado. Recentemente, o tópico foi levantado no mundo dos negócios, quando algumas das vitrines especiais do Dia dos Namorados da rede de lojas Imaginarium foram censuradas por serem muito picantes.
A campanha mostra a linha de produtos lançada para “apimentar” o relacionamento do casal. Na composição da vitrine, um móbile mostra de um lado um homem abraçado com sua parceira, segurando um buquê de flores, com um balão de pensamento – daqueles dos quadrinhos – mostrando uma imagem romântica do casal. Do outro lado, sua parceira segura uma pimenta e “apalpa” o rapaz, com um balão de pensamento mais provocante.
A cena não agradou alguns shopping centers de Brasília, São Paulo e Porto Alegre, que consideraram a cena muito ousada para um ambiente familiar como os centros comerciais. “Após essa notificação, nossos franqueados nos comunicaram e então solicitamos que houvesse uma comunicação formal dessas administrações”, afirma Gilberto Carvalho, gerente de marketing da Imaginarium. “Os motivos, como sempre, são extremamente subjetivos, mas os respeitamos.” Para reverter a situação, a rede de franquias tomou a posição de colocar uma tarja sobre a “mão boba” da personagem.
Esta solução foi aceita por uns, mas continuou sendo vetada em outros shoppings, que ainda assim solicitaram que a máquina que gira as figuras ficasse parada com o lado mais comportado exposto. “A Imaginarium é uma empresa de fun design e tem em seus pilares, além do próprio design, a criatividade, originalidade, irreverência, diversão e o compromisso de sempre surpreender o consumidor”, explicou Carvalho em comunicado. “A campanha de Namorados nos permite ser um pouco mais ousados, pois trabalhamos muito nossa linha de produtos “Pimenta”, mas isso sempre com muito bom-humor. Portanto, quando recebemos as notificações, encaramos desta mesma maneira, com muito respeito às opiniões divergentes e oferecemos uma solução.”
A estratégia final acabou se mostrando proveitosa, mas ainda assim revelou que algumas vezes lojas podem sofrer pressões para se adequar aos padrões dos locais em que estão localizadas. E a pergunta fica no ar: a decisão dos shoppings é aceitável? Se sim, o que deve ser considerado para que ela não pareça censura? E do lado da empresa, o que fazer para contornar um problema como esse? Ação judicial ou um pouco de criatividade?