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Cerveja Feminista: pelo fim dos estereótipos na publicidade


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Nem toda mulher está preocupada em mandar os filhos para a escola com a roupa mais branquinha, ser cantada por seus belos cabelos ou vive em função de preparar as refeições da família. Já tem algum tempo que muitas das atividades antes consideradas como exclusivas da mulher têm sido divididas com seus companheiros homens. E a recíproca também é verdadeira. Por mais chocante que possa parecer, a realidade é que tem muita mulher que bebe cerveja, joga vídeo-game e adora futebol.

O problema é que o mercado publicitário parece não estar acompanhando a (lenta) evolução da espécie humana no que se refere à igualdade de gêneros. Apesar de ser cada vez mais comum homens que desempenham com perfeição tarefas domésticas, raramente eles são retratados nos comerciais de produtos de limpeza ou alimentos que exigem no preparo uma habilidade maior do que apertar um botão.

O problema é que o mercado publicitário parece não estar acompanhando a (lenta) evolução da espécie humana no que se refere à igualdade de gêneros.

Fato é que, enquanto muitas mulheres sofrem os efeitos nocivos causados pela imagem arcaica que o mercado publicitário insiste em representar, os homens também acabam, por tabela, sendo retratados de forma negativa, como verdadeiros inúteis – tipo naquele comercial em que a mulher está dando o maior duro na faxina, enquanto o maridão está tranquilão no futebol com os amigos. Não sei como é na sua casa, mas na minha e na da maior parte das pessoas que conheço, não é assim.

Já produtos que têm como alvo principal o público masculino repetem o erro, tratando mulheres como objetos com a única função de agradar o homem. Ou, no caso recente da Skol, sugerindo que as pessoas esquecessem o “não” em casa durante o Carnaval, indo diretamente de encontro a campanhas que tentam reduzir o assédio às mulheres em locais públicos como essa, essa e essa.

A infeliz campanha da Skol foi o empurrão que faltava para que as publicitárias Thais Fabris, Larissa Vaz e Maria Guimarães idealizassem a Cerveja Feminista. O produto é a primeira ação de conscientização do 65 | 10 (traduzindo: 65% das mulheres que dizem não se identificar com a forma como são retratadas na publicidade e os menos de 10% de mulheres no departamento de criação das agências brasileiras), um núcleo dedicado a repensar o papel das mulheres na publicidade dentro das agências e nas campanhas.

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Inicialmente produzida com o apoio dos arquitetos e cervejeiros Marilia Hamada e Otávio Dornelas, a Feminista é uma Red Ale com um “sabor refrescante, maltado, levemente lupulado e final limpo”. A ideia era manter a produção de forma caseira, mas em 2 dias o número de pedidos excedeu a capacidade do grupo, que agora está negociando com uma cervejaria artesanal para dar conta dos pedidos.

“Quando rolou a polêmica da Skol antes do Carnaval, vimos uma oportunidade para continuar a conversa, não deixar o assunto morrer só porque a marca voltou atrás“, explica Thais. Aliás, colocar o tema feminismo em pauta é o grande objetivo da cerveja, que atua como um iniciador de conversas em qualquer ambiente.

“Este é um dos pontos que queremos trabalhar: informar sobre o que é feminismo. Não é o contrário de machismo, não é sobre supremacia feminina. É sobre igualdade. Por isso a cerveja é para mulheres e homens”, declara. “Acho que quando a gente põe a cerveja na mesa e o assunto vira pauta, ajuda a desmistificar. Faz as pessoas falarem sobre e é uma oportunidade pra tirar dúvidas. Tira o feminismo do nicho, dos grupos de Facebook e blogs especializados. E, principalmente, traz a pauta pra dentro das agências”.

É aí que surge a pergunta: de quem é a responsabilidade de se reforçar os velhos estereótipos de gênero na publicidade, das agências, que produzem as campanhas, ou dos clientes, que as aprovam?

É aí que surge a pergunta: de quem é a responsabilidade de se reforçar os velhos estereótipos de gênero na publicidade, das agências, que produzem as campanhas, ou dos clientes, que as aprovam? “Todos temos nossa cota de responsabilidade. O mercado se acomoda em fórmulas e só reage quando há pressão da sociedade (como no caso da Skol). O que estamos propondo é uma tomada de consciência, uma revisão dessas fórmulas, uma atualização.”, defende Thais.

É impossível prever como a Feminista irá se sair no mercado cervejeiro, mas a marca já está dando um passo muito importante ao colocar o tema em discussão. Mas é apenas o começo das atividades do 65 | 10, que a gente torce para que consiga realmente quebrar os estereótipos nocivos à sociedade, uma cerveja por vez.

eaffeed b feedPost originalmente publicado no Brainstorm #9
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