Bob Dylan tocou na China. E, segundo jornais, portais e fanfarrões de todo planeta, abriu a porta a outros artistas.
Ah, falando assim, isso só pode ser legal, né? A China está se abrindo, YEAH!
Isso, fora a febre do mercado, que vai dos HiPhones chinglings à população medida na casa do bilhão, com a exageradamente citada capacidade de consumo, mão de obra barata e tralálá.
UHU!
Mas, véio, tem um número chinês que é impressionante e que espetacularmente não anula outros feitos citados neste texto: a China é a campeã mundial em execuções por pena de morte em todo planeta. Em 2010, o país matou mais que a soma de todas as outras nações que adotam a pena capital.
A Anistia Internacional estima que o governo chinês tenha executado milhares de pessoas, mas não tem um número consolidado, uma vez que as autoridades chinesas não divulgam dados oficiais a respeito de execuções.
O segundo colocado na lista, pra se ter uma ideia, é o Irã, com 252 execuções oficiais. Depois vêm Coreia do Norte (pelo menos 60), Iêmen (ao menos 53), Estados Unidos (um total de 46), Arábia Saudita (pelo menos 27) e Líbia (um mínimo de 18).
Fora a Líbia e a Coreia do Norte, além do Irã (naquelas), nenhum dos países citados no ranking maldito é questionado pela comunidade internacional como deveria. Ou pelo mercado, a verdadeira ONU dos anos 2010.
Não digo que as oportunidades de negociar com a China devam ser desperdiçadas. Ou de fazer show pra milhares de pessoas que merecem ouvir música legal. Mas ponderadas, você há de ponderar, é o mínimo.
Quanto menos seu iPad novo feder a sangue e miolos estourados, melhor, né?
Dylan que o diga.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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