Cientistas inventaram um sistema leitor de mentes que, pela primeira vez na história, permite a qualquer pessoa digitar palavras e frases, letra por letra, apenas pensando. Tudo acontece em tempo real, sem mover um único músculo ou proferir sequer uma palavra.
É uma invenção fantástica. Não apenas por ajudar quem tem dificuldades locomotoras, mas porque pode afetar a todos nós de uma maneira incrível.
De acordo com os pesquisadores — Bettina Sorger, Joel Reithler, Brigitte Dahmen, Rainer Goebel da Faculdade de Psicologia e Neurociência do Departamento de Neurocognição da Universidade de Maastricht —, este é o primeiro sistema que traduz pensamentos em letras em tempo real, permitindo “comunicação em duas vias dentro de uma única sessão de escaneamento.”
Sorger e seus colegas (que foram inspirados pelo trabalho de Adrian Owen) alegam que esse novo sistema requer pouquíssimo esforço na configuração, tornando-se “operacional imediatamente.” Eles também dizem que ele tem um grande potencial de aplicação “em termos de diagnósticos e estabelecimento de comunicações de curto alcance com pacientes não responsivos e capacidades motoras severamente prejudicadas.”
Como isso funciona?
O sistema de digitação cerebral deles usa ressonância magnética funcional (fMRI) para analisar as respostas hemodinâmicas do cérebro — o movimento do sangue dentro da massa cinzenta. Essas respostas são causadas por imagens mentais que são associadas a cada letra do alfabeto usando algoritmos de análise computacional.
Uma vez que o computador esteja funcionando, o paciente por digitar letras livremente, uma após a outra, usando seu cérebro. Cada letra do alfabeto corresponde a um dos 27 “sinais de fMRI únicos, diferenciáveis e confiáveis.”
De acordo com o trabalho dos pesquisadores, publicado na edição de 28 de junho da Current Biology, o sistema tem sido testado com sucesso em pacientes. Para configurá-lo, os pacientes olham para letras em uma tela, pensando sobre algo específico durante um certo espaço de tempo. Após passar por todas as letras, eles se tornam aptos a começarem a escrever imediatamente, em tempo real, graças a novos métodos de análise de dados desenvolvidos por Sorger e sua equipe.
Obviamente, a decodificação não é tão rápida quanto digitar com os dedos, mas é um passo enorme no sentido de dar a uma interface de máquina um cérebro natural. Isso tem potencial para mudar a forma com que interagimos com a tecnologia de uma maneira dramática.
Entre isso e as partículas que o permitem ficar vivo sem respirar, essa semana está realmente sensacional para a ciência. [Current Biology e University of Maastricht via Science Daily. Foto: Levent Konuk/Shutterstock]