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Comic-Con 2011: Um Novo Titã


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Nem quadrinhos, nem cinema. Quem mandou na Comic-Con 2011 foi a TV, com público extremamente fiel e, por razões óbvias, muito mais envolvido com suas séries prediletas.

SAN DIEGO – Depois de quatro anos cobrindo a Comic-Con in locu, tinha a impressão de que algumas regras eram imutáveis. Uma delas, sem dúvida, era a soberania do cinema. Donos supremos do Hall-H (auditório gigantesco com capacidade para mais de 6 mil pessoas, aliens, personagens de anime e algumas coisas difíceis de serem identificadas), os grandes estúdios promoveram os melhores momentos nos últimos anos e, pelo aspecto comercial, pagaram as contas. Nesse ano, porém, eles preferiram fazer menos e observar mais. As séries de TV não. Resultado: era mais fácil entrar no Hall-H do que sequer sonhar em assistir aos painéis de Game of Thrones, True Blood, The Walking Dead, Torchwood, e a lista segue. A mudança é tão inevitável e, de certa forma, prevista, que hoje, no último dia, duas séries vão lotar o auditório principal: Supernatural e a extremamente adorada, Doctor Who.

Jon Favreau é uma espécie de mago no palco do Hall-H. Desde sua primeira apresentação de Homem de Ferro, o evento foi transformado e ganhou clima de show de rock’n roll, aumentou expectativas e, felizmente, afetou todas as edições seguintes, afinal de conta, ninguém queria fazer feio. De certa forma, ele encerrou seu arco no ano passado com um painel memorável incluindo a primeira visita de Harrison Ford à Comic-Con. Nesse ano, Jon Favreau não levou nenhum filme ao palco. Esteve por aqui divulgando Cowboys & Aliens, que teve exibição especial na noite de ontem, e só deu as caras para debater cinema com Guillermo Del Toro no painel “Visionários”. Fez falta.

Como era ano de Crepúsculo, com Amanhecer, esperava-se a repetição do fenômeno gerado pelos filmes anteriores. E isso também não aconteceu. As crepusculinas estavam lá, seus astros também, mas causaram menos impacto por terem aberto o evento, logo, foram “esquecidas” rapidamente.

A Comic-Con muda constantemente, claro; assim como todo grande evento. O ponto é: a organização não acreditou em algo óbvio e claramente conhecido por sua coordenação de programação. Eles sabiam da força dos fãs de TV que, mesmo sem Lost e 24 Horas, estavam mais motivados que os demais. Talvez, exceto pela torcida organizada de Peter Parker, responsável pelo painel mais emocionante do Hall-H até agora. Os organizadores tanto sabiam dessa tendência que deram o domingo para as séries. Tubo de ensaio? Pode até ser. Mas tudo ficou muito claro e até piadas aconteciam. Um dos apresentadores do auditório principal chegou a dizer: “Olá pessoal, obrigado por estarem aqui, mas a gente sabe que vocês foram as pessoas que não conseguiram entrar no painel de Game of Thrones!”.

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Isso também se alia ao fato de que 2011 está sendo o “ano das filas”. Quem conseguiu chegar ao painel de The Walking Dead precisou madrugar; algumas pessoas dormiram por lá mesmo. Curiosamente, mesmo sabendo do gigantismo da fila, muita gente aguardada mesmo assim, na esperança de alguma solução milagrosa da organização. É um cenário curioso: as salas menores recebem eventos populares demais e o próprio Hall-H não comporta seus eventos mais concorridos, mas sofre com períodos de semi-lotação. Uma bola de cristal ajudaria, mas, convenhamos, o sucesso da TV e o aumento qualitativo dos últimos anos, invariavelmente, resultaria em mais popularidade.

Se a decisão seguir uma lógica spokiana, a TV conquistaria o direito de dividir o Hall-H com os grandes filmes. Bem, ou nem tão grandes assim. Ontem, por exemplo, uma escolha bastante duvidosa causou estranhamento. A animação Dorothy of Oz pode ter levado Patrick Stewart à Comic-Con pela primeira vez, com direito a um Happy Birthday coletivo liderado pela atriz e cantora Megan Hilty (do musical Wicked), entretanto, foi um produto totalmente infantil e, pelos vídeos mostrados, com qualidade visual muito abaixo da média apresentada durante o evento. Nada fez sentido, o público não reagiu ao material e, para completar, um espectador resolveu baixar o nível com perguntas de cunho sexual a Patrick Stewart. Difícil tirar a impressão de “alguém pagou muito para aquele filme estar ali”. Detalhe: Dorothy of Oz ainda não tem nem distribuidor!

Com as estréias de Os Vingadores e The Dark Knight Rises previstas para acontecerem antes, ou muito perto da Comic-Con, se Star Trek 2, O Hobbit e Superman: Man of Steel não fizerem sua parte, 2012 tem tudo para ser o ano da TV nos spotlights do Nerdstão, um país nerd até o último cidadão e que se dá ao luxo de existir por apenas quatro dias, sem política e cheio de orgulho.

ec b feedPost originalmente publicado no Brainstorm #9
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