Redesign. Uma palavra que só entrou de verdade no nosso vocabulário nos últimos dois anos, graças às centenas de produtos reinventados por designers sem qualquer ligação com as empresas criadoras dos produtos. Quando foi que trabalhar de graça para grandes corporações se tornou tão legal? A resposta é: desde a internet.
Você já viu esses projetos no Gizmodo, assim como em todos os outros blogs de design e tecnologia. Novos logos para a American Airlines. Um novo design para o MacPro. Uma nova identidade para a Microsoft. Um novo design de produto para o iPad. Uma revisão para o iOS, uma para a Wikipedia, uma para o Google.
Nós amamos escrever sobre isso e vocês, aparentemente, adoram ler sobre isso (nem que seja para falar mal). Mas é uma troca importante, que sinaliza uma mudança na maneira que nós pensamos sobre design, internet e autoria.
O casal favorito do designer
Na verdade, existe algo análogo a essa tendência: fanfiction. A comparação não é tão exagerada quanto parece. Enquanto escritores de fanfic voltam sua própria criatividade para personagens já existentes e para tramas de seus livros e séries de TV favoritos, designers se voltam para suas marcas favoritas. Há muito em comum entre episódios especulativos de My Little Pony e conceitos malucosos para o próximo iPhone.
Um artigo de 2011 da TIME sobre fanfics de Harry Potter resume muito bem: “Eles não fazem isso pelo dinheiro. Não é sobre isso. Os escritores escrevem e colocam [fanfics] online apenas pela satisfação. A cultura fala com eles e eles respondem de volta em sua própria língua”.
Mas fanfics polarizam as opiniões. Alguns escritores tendem a pensar nelas como uma sub-arte, derivativa e, no fim das contas, um exercício inútil, sem originalidade. Enquanto isso, outros amam fanfics e argumentam que elas promovem a criatividade e mostram outros horizontes para os autores. Naturalmente, o mesmo vale para a fanfic de design: Apple, Google etc já fizeram o trabalho duro de invenção, molde e engenharia de seus produtos. Redesenhá-los não costuma ser particularmente difícil ou inventivo — é como brincar com personagens e tramas que já foram
meticulosamente escritos. Então, por que resolver um problema de design que não existe?
A resposta, na maioria dos casos, é “porque é divertido”. Em segundo lugar: o redesign alcança muito mais público do que as fanfics tradicionais; alguns renders de um celular dos sonhos podem ser acessados mesmo pelas pessoas que são só interessados casuais. Cem mil fanfics de Avatar? Bom, não é muita gente que vai clicar nelas só por curiosidade. A atenção que essas os conceitos criados por designers recebem online é muito valiosa. Para os designers mais jovens, sucesso na internet é uma parte cada vez mais vital do sucesso na vida real.
Criando para empresas sem receber por isso
Observe este conceito para um iPad Pro, produzido por uma jovem empresa chamada Ramotion. O projeto foi visto mais de 130 mil vezes desde que foi postado no Behance, uma plataforma para a comunidade de design, e obteve uma extensa cobertura online desde então.