*Por Stefan Schimenes
Existem empreendedores que descartam, desde o início, a possibilidade de buscar recursos de terceiros para não perderem o poder de decisão na empresa ou por acreditarem que o modelo trará bom rendimento de forma rápida. Mas o fato é que empreender com ou sem recursos raramente é uma questão de opção para quem decide apostar em ter seu próprio negócio.
Encontrar alguém com uma visão mais ampla, que já tenha, na prática, passado por estas duas situações é bem difícil, então considero esta mais uma vantagem do empreendedor serial, conhecer e saber lidar com as adversidades dos dois caminhos.
Sem nenhum recurso, por falta de opção, já lancei uma revista de inovação em negócios que deu certo em muitos sentidos, mas não no financeiro. Certo tempo depois, empreendi com um funding de mais de 1 milhão de euros em uma empresa que atuava em serviços de mercado de gastronomia, dividido entre o Brasil e a Alemanha. Na sequência, liderei a operação LATAM do Airbnb, junto com o meu colega Christian Gessner, com uma gama quase infindável de recursos que só podem ser encontrados numa das startups mais quentes do mundo, tendo seu valor especulado ao redor dos 20 bilhões de dólares.
Psicologicamente preparado, resolvi apostar em outra nova experiência e, ao sair do Airbnb, fundei uma empresa de tecnologia em mídia digital, junto com meus sócios e apenas 30 mil reais. Este novo empreendimento superou as expectativas já no primeiro ano e esperamos em 2015 chegar a 4,5 milhões de reais em faturamento.
Como um empreendedor que apostou em negócios grandes e pequenos, gosto de dividir a minha maior lição: se for empreender, faça algo grandioso! Não gaste tempo com ideias e projetos com potencial pequeno, pois o esforço para estruturar uma empresa pequena, média ou grande é o mesmo, assim como a possibilidade de fracasso.
Portanto, se você tem poucos recursos:
– Cuide bem deles: Gastar dinheiro com o que não é foco no momento é um um erro muito comum.
Gastos com escritório, aluguel, motoboy, contratação de funcionários, podem ser um risco elevado para o início de uma empresa sem muitos recursos. O ideal é que tente amenizar ao máximo esses custos, montando o primeiro escritório numa sala de casa, por exemplo. Ao invés de contratar um motoboy ou secretária faça você mesmo o serviço!
O cálculo para contratar um funcionário deveria ser simples, calculando o custo da hora do empreendedor versus colaborador. Este raciocínio está certo, entretanto, o executivo não pode esquecer algo crucial: você está realmente perdendo dinheiro por ir a um cartório ou ao banco? Você conseguirá aproveitar a capacidade máxima da pessoa contratada? Se a resposta para estas perguntas for não, é melhor evitar as despesas.
Agora, se você já tem mais recursos disponíveis, seja porque a sua empresa já atingiu determinado patamar ou já conseguiu capital de terceiros:
– Seja estratégico: Delegue, contrate, invista estes recursos.
Um lição que tenho para mim, por experiência própria, é nunca preparar uma estrutura sem a necessidade devida naquele instante. Sendo assim, aposte apenas quando todos os seus investimentos estiverem 110% de sua capacidade de utilização, incluindo funcionários, sistemas etc. Com a ilusão de ter mais recursos, o empreendedor é tentado a resolver todos os problemas com dinheiro, mesmo que não esteja sendo utilizado da forma 100% necessária. Por isso, é muito importante ser estratégico com os recursos disponíveis.
Capital é vantagem competitiva e não garantia de sucesso. O sucesso se dá pela capacidade do empreendedor utilizar seus recursos na hora certa!
* Stefan Schimenes é empreendedor serial e cofundador da Cazamba, empresa de customização de publicidade online
O post Como empreender com ou sem capital apareceu primeiro em Startupi.