Anos atrás durante uma entrevista em vídeo
para a revista exame, Marcel Telles, um dos sócios da Ambev, respondeu a
seguinte pergunta,”O quê as pequenas
empresas podem aprender com uma grande empresa como a AmBev?”, “Nada.
As grandes empresas é que tem muito a aprender com as pequenas empresas.
Empreendedorismo, controle de caixa, agilidade, inovação, o conhecimento sobre
quem são as pessoas que trabalham conosco e meritocracia são características
das pequenas empresas. O que fazemos na AmBev é nos esforçar todos os dias para
ter um pouco do espírito que existe nas pequenas empresas”.
Confere aqui a resposta
do Marcel Telles no minuto 3:03.
Quando a empresa é
pequena, geralmente ela é agil, econômica, flexível, criativa, alegre,
comunicativa e empreendedora. Quando a empresa começa a crescer, os
diferenciais que a fizeram acontecer são rapidamente substituidos pelas características
burocráticas de uma grande empresa, tais como: controle, hierarquia, lentidão
para tomar decisões e feudalismo.
Como manter a cultura de
pequena empresa quando estamos crescendo?
1. Recuse-se a adotar as
formalidades das grandes empresas! Eu conheço um sem número de pequenas
empresas com 10 funcionários onde o presidente já se entitula CEO. É
brincadeira???!!! A empresa ainda não tem objetivos e metas claras, mas já tem
missão, visão e valores. É mole??!?!?! META é muito mais importante do que uma missão
corporativa. MUITO MAIS IMPORTANTE!!
Qual é o cargo de um
funcionário quando se trabalha em uma empresa com três pessoas? Sei lá! Não tem,
não interessa, não faz diferença.
Quando somos pequenos
todos fazem de tudo com toda boa vontade. Ninguém fica se queixando que não
está fazendo o que foi “contratado para fazer”, ou não está seguindo a cartilha
da sua profissão segundo a faculdade de plástico que está cursando.
O cara que se queixa
desse tipo de problema tem que ser ejetado da pequena empresa imediatamente.
Ele está no lugar errado, ele deveria estar estudando em casa para prestar
concurso público.
Cargos sofisticados não
tem lugar em uma empresa com cultura empreendedora. O que interessa é quem
assume a responsabilidade que tem que ser assumida para fazer alguma coisa
dentro de algum projeto. Quando um cara diz que é Diretor de Marketing, ele
automaticamente está dizendo a todos os demais colegas de trabalho que TODAS as
decisões do marketing tem que passar por ele. Esse tipo de coisa inibe a
criatividade das pessoas.
O que esse diretor de
marketing deveria fazer, por exemplo, é estimular as pessoas a fazerem reuniões
sobre Google Adwords ou Eventos Corporativos SEM A PRESENÇA e o AVAL dele.
2. O presidente tem que
almoçar com o estagiário! Na entrevista dada a revista Exame, o Marcel Telles
afirma que participa dos finalmente dos processos de contratação de trainne da
ambev para dizer aos finalistas que eles podem enviar emails diretamente para
ele quando for necessário.
Quando estamos crescendo
não temos tempo para nada, muito menos para conversar com a galera que trabalha
para nós. É MUITO IMPORTANTE que o dono, sócio ou empreendedor mantenha uma
linha aberta de comunicação e contato direto com todos os novos funcionários
que estão entrando no time, seja através de encontros semanais com grupos de
funcionários ou conversas 1-a-1.
Por mais estagiário que
seja o novo funcionário, duas semanas de trabalho depois ele tem várias idéias
sobre como consertar a burocracia e estupidez que eventualmente tomou conta de algum pedaço da empresa.
3. Dê um boot na mente da
galera antes de botar para trabalhar. Crie um Programa de Inicialização das Mentes!
Nenhum funcionário deveria começar a trabalhar em uma empresa que está
crescendo sem antes passar por um período de inicialização. Durante esse
período – que deveria envolver palestras, reuniões e exercícios práticos -, o cara
deveria ser submetido a histórias, lendas e dilemas éticos que a empresa já
passou para sabermos como o cara vai se comportar quando enfrentar as mesmas
situações.
Um blog para
funcionários, um perfil privado em uma rede social, ou um livreto impresso, ou até mesmo um App para iPhone poderiam ser criados para documentar a posição da empresa com relação a todas
as coisas que já aconteceram com ela.
4. Crie o Movimento “OccupyACultura”
da empresa! O negócio é criar uma força tarefa ou movimento revolucionário
interno para acompanhar o desenvolvimento da “Cultura da Empresa” enquanto ela
cresce. Reuna todos os malucos da empresa que possuem o DNA alinhado com a
cultura, e coloca os caras para pensar em como manter e
espalhar a cultura da pequena empresa para os demais funcionários que estão
entrando.
5. A sua mulher tem que
saber quanto você está faturando! Enquanto os funcionários não souberem
exatamente como a empresa ganha dinheiro, ou onde perde dinheiro, a empresa vai
continuar a desperdiçar dinheiro fazendo o que não interessa. O desperdício ou
a complacência são características aceitáveis em grandes empresas, mas
imperdoáveis em pequenas empresas. Na medida do possível, compartilhe os resultados e números da empresa com todos os
funcionários.
6. Lembre-se que a pequena
empresa é apaixonada por inovação e risco! As grandes empresas são estruturas
avessas a erros e inovação. Não existe espaço para ser diferente em uma grande
empresa. Basta você olhar para a maneira que as pessoas que trabalham em
grandes empresas se vestem para você aprender que não é permitido ser diferente
em uma grande estrutura.
É fundamental que a empresa continue a estimular, motivar
e encorajar as pessoas a serem diferentes, corajosas, inovadoras, arrojadas
independente do tamanho que alcancamos como empresa.
Não existe “Casual Day” em
empresas empreendedoras, todo dia é Casual Day + Responsibility Day.
7. Contrate pessoas que tem
histórico de FAZER e não de GERENCIAR. A última coisa que a pequena e ágil
empresa precisa é contratar caciques com mania de planejar ao invés de
FAZER. Todo líder decente que eu conheço trabalha como parte integrante das
suas equipes desempenhando uma função determinada em cada projeto. Funcionário
que FAZ não precisa de chefe que controla. Pessoas com grandes idéias e
baixíssima capacidade de execução não servem para trabalhar em pequenas
empresas. Os grandes pensadores PRECISAM fazer parte da empresa, mas como
CONSELHEIROS e não como executivos.
8. Tem que medir o que
interessa! Vendas, Despesas, Lucratividade e Fluxo de Caixa são quatro índices
de performance que TODA empresa tem que medir. Mas se você olhar só isso, vai
matar a alma da sua empresa com discussões burocráticas. Eu recomendo a você também olhar quatro outras métricas muito importantes para a pequena empresa
que deseja se manter empreeendedora, são elas: (1) Qual é o custo para
conseguir um novo cliente? (2) Qual é o Índice de Satisfação ou Fidelidade dos
clientes?, (3) Qual é o Faturamento por funcionário?, e (4) Qual é a meta de
faturamento para cada um dos clientes da empresa nos próximos doze meses?
Gostou?
Agora eu quero ouvir
você.
O que você faz na sua
pequena empresa para manter o espírito empreendedor enquanto se vê se
transformando em uma média ou grande empresa?
Via RSS de BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.
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