Por Leandro Beguoci
Esqueça o glamour. Estou no Brooklin profundo, onde as calçadas são maltratadas, há lixo na rua e a estação de metrô, inaugurada em 1919, está meio zoada, embora tenha passado por levíssimas reformas ao longo das últimas décadas. A porta de acesso é de madeira apodrecida e há goteiras em vários pontos. Como estou bem perto dela, da gloriosa estação de Ditmas Avenue, escuto o assustador trepidar do metrô todo dia. Durante a noite. Ao acordar. Olho aquilo de manhã e fico pensando “como essa linha fica de pé, por que fica de pé, caramba, metrô, se segura, você vai cair, cara!”
E a vida não é tão melhor nas outras estações. Passo por quase 20 delas todo dia, até chegar a universidade onde estou passando uma temporada, no centro de Nova York. O MetroCard, o cartão que dá acesso ao metrô, dificilmente funciona de primeira. É a dancinha do passa-passa (e as pessoas lá, atrás de você, resmungando). Até parece um daqueles ingressos descartáveis de futebol que provocavam filas enormes em dia de clássico. À primeira vista, o metrô de Nova York é precário. Mas isso é só uma impressão.