O empreendedor nasce, cresce, fica rico e vira investidor. Esse é o caminho natural (?) das coisas, mas alguns escolhem justamente o inverso. É o caso de Carlos Mira. Ele começou como investidor, mas abriu sua própria startup, a TruckPad, que lançou um aplicativo voltado para caminhoneiros inédito no mercado.
Mira vem de uma família que tem uma grande transportadora brasileira da qual ele chegou a ser presidente. Em 2011 ele vendeu sua parte para o irmão e partiu para outros mares. Com o grande patrimônio, Mira foi convidado para uma expedição ao Vale do Silício com investidores. Afinal, o caminho natural de um homem interessado em empreendedorismo, com um bom histórico no mundo dos negócios, é de mentoria. Caso ele tenha muito dinheiro, o caso de Mira, ele provavelmente se torna um investidor. Mira viu pitches de empresas do Vale, ainda como investidor, mas não achou nenhuma ideia interessante e decidiu que não ajudaria nenhuma empresa iniciante.
Ainda no Vale, Mira teve uma aula em Stanford, voltada aos investidores brasileiros da ocasião e nela, o professor falava que o futuro da tecnologia uniria três vertentes: mobile, social, cloud. Vindo do mundo dos transportes, Mira comentou com os colegas de evento que tinha uma ideia de um rede para caminhoneiros, que englobaria diversos serviços e ofertas.
A ideia cresceu e interessou investidores amigos de Mira, que sugeriram que ele criasse um MVP dessa rede que seria muito complexa. Surgia o TruckPad, o aplicativo que ajuda os caminhoneiros a conseguirem cargas e cargas a conseguirem caminhoneiros. Em novembro de 2013 o aplicativo ganhou o Startup Weekend, em janeiro deste ano era lançado no Google Play –o aplicativo só está disponível para Android– e a empresa foi uma das quatro selecionadas do programa de aceleração da Abril Plug and Play.
Existem três milhões de motoristas de caminhão no Brasil. Destes, dois milhões são motoristas de caminhão que trabalham para uma transportadora. O outro milhão é composto por caminhoneiros que são donos do próprio caminhão. O aplicativo é voltado para estes profissionais. A maneira de conseguir cargas hoje é por meio de agências que colam papéis na parede com os tamanhos das cargas, os destinos e o valor do pagamento. A TruckPad automatiza isso e facilita a vida do caminhoneiro que está no interior do Brasil e precisa conseguir uma carga para voltar para São Paulo, por exemplo.
É cilada, Bino?
A empresa tem crescido exponencialmente. A TruckPad tem cerca de 150 novos cadastros por dia. Hoje mais de cinco mil caminhoneiros já usam o aplicativo, mas um problema natural que tem enfrentado é a dificuldade do motorista de caminhão comprar e usar um smartphone. Mira porém é otimista afirma que esse é um cenário que vai mudar aos poucos e criou “tasting corners” em terminais de carga onde eles podem usar tablets conectados e disponibilizados e entenderem melhor o aplicativo.
O aplicativo é gratuito para os caminhoneiros e para quem precisa da carga transportada, mas aí vem um outro desafio encontrado pelo empreendedor: “A maior resistência é do caminhoneiro que acha que o aplicativo vai cobrar em algum momento”. Não é cilada. Mira afirma que nunca vai cobrar do motorista de caminhão, nem de quem demanda o frete. Ele pretende monetizar com patrocínio e publicidade da indústria automobilística, a indústria do petróleo, a indústria de pneus e as seguradoras. “Mas dinheiro é sonho, não objetivo”, afirma o empreendedor.
Futuro
A cada duas semanas o aplicativo apresenta versões melhoradas corrigindo erros apontados pelos caminhoneiros. A TruckPad pretende ainda implementar um meio de pagamento e soluções para o caminhoneiro, como o custo do frete. No início de outubro a empresa segue para a parte final do processo de aceleração, no Vale do Silício. Lá eles vão apresentar seu negócio e Mira pretende saber o valor da sua ideia para começar a fechar parcerias e patrocínio.
Imagem: Highway with three oncoming white truck… via Shutterstock.
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