Convenhamos: se você tem acesso diário à internet, raramente levanta a bunda da cadeira pra resolver coisas. Você não precisa mais ir ao banco, à farmácia, ao supermercado, à banca de jornal, a um restaurante. Em níveis extremos, seria sim possível viver anos e anos sem sair de casa e não perder muito do que se faz hoje em dia. Até que chegamos ao já popular (e altamente criticado) ativismo de sofá.
Já escrevemos sobre isso aqui, já falamos sobre isso aqui, já se fala muito disso em tudo quanto é canto. Mas o principal questionamento é sobre o quão eficiente é clicar num link e esperar que crianças não passem mais fome, políticos parem de roubar e animais parem de ser mortos. Não é assim que se resolve problemas. Todos sabemos, mas a maioria de nós não se preocupa o suficiente pra mudar de atitude. E daí estamos criando um mundo onde as pessoas não sabem mais conviver.
Só que ontem, vi algo que me pareceu diferente. Amanhã posso mudar de ideia, mas a princípio achei mais real do que os outros. Porque se propõe a movimentar e questionar com um vídeo uma realidade que tem seu principal problema numa falha de comunicação, numa distorção histórica de documentos mal interpretados. Como costumam ser todas as guerras. Vejam:
O vídeo é claro, sem firulas, sem exagero no tom emocional. Ele toca num ponto quase óbvio: até que ponto a decisão de nossos governantes, nossos representantes de fato representa aquilo que a população pensa / quer / faria se decidisse diretamente?
A iniciativa que começou no facebook ganhou apoio, viralizou, ganhou resposta (dos “inimigos”, confirmando que não são inimigos), saiu da internet e foi parar nos meios de comunicação mais tradicionais. E sim, é só o começo.
Mas um começo que a nós, brasileiros, faz pensar na relevância das mensagens que compartilhamos. A escolha ao clicar em “share” é maior do que “quero ser popular”, ela precisa sim passar por perguntas bobas na consciência individual de cada um: O que eu espero com isso? O que eu vou provocar nos meus amigos? Que informações as pessoas que receberem essa mensagem vão absorver?
Eu não tenho nada contra gatos e nem contra comida, muito pelo contrário. Eu realmente acho que o Facebook é um lugar onde se busca entretenimento. Eu acho “orkutização” um termo pejorativo e preconceituoso.
Mas é ignorância subestimar e subaproveitar o poder de compartilhamento que a internet e as redes sociais nos dão hoje em dia.
Depois de tudo o que fizemos para chegar onde estamos, paramos. Toda essa evolução tecnológica para nos comunicarmos das mais variadas formas possíveis, derrubar fronteiras, globalizar tudo e (teoricamente) superar diferenças deixou a gente meio besta, atônito. Não sabemos mais o que fazer e como fazer.
Mas já sabemos que podemos fazer. O que pode ser um bom começo.
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