Mesmo as mentes mais engenhosas às vezes precisam de algum exercício que produza o “estalo” necessário para o nascimento de uma ideia criativa. Uma pesquisa recente, descrita em reportagem da revista Scientific American, recomenda o caminho de pensar objetos corriqueiros em termos de seus componentes, e assim desvincular o nome do uso.
Por exemplo: habitualmente, quando pensamos na palavra “vela” (não no sentido náutico), o objeto, o nome e o uso nos vêm à mente ao mesmo tempo. Estamos acostumados ao “mecanismo” e à serventia da vela. É o que os psicólogos chamam de “fixação funcional”.
Para superar esse modo de pensar e descobrir novas ferramentas, um pós-doutorando em psicologia da Universidade de Massachusetts, Tony McCaffrey, desenvolveu uma técnica em duas fases. Primeiro, escolhido um objeto, deve-se decompô-lo mentalmente em suas peças básicas. Em seguida, dar a essas partes nomes igualmente básicos. A vela se tornaria cera e barbante. Ao chamar o pavio de barbante, desvinculamos o objeto de seu uso, abrindo novas possibilidades.
Pessoas que participaram desse experimento receberam, cada um, uma vela e algumas argolas de metal, além da incumbência de encadear as argolas. Os que tinham desmembrado a vela em partes perceberam que os pavios podiam ser usados para amarrar uma argola na outra.
Segundo McCaffrey, essa técnica levou os participantes a encontrar soluções criativas para 67% mais problemas do que pessoas que a desconheciam. Em outra experiência, um grupo recebeu a incumbência de construir placas de circuito com um terminal, arames (em quantidade insuficiente) e uma chave de fenda. Os que haviam descrito uma das partes da chave de fenda como “haste de metal” perceberam que ela poderia ser usada como condutor de eletricidade no lugar da extensão de arame que faltava.
McCaffrey ensinou essa técnica a engenheiros que em seguida conseguiram resolver problemas reais em seus trabalhos e agora desenvolve um software para profissionais que precisam apresentar soluções criativas no trabalho.