Mais uma vez volto a questão de sair do emprego e criar uma empresa porque a maioria das pessoas que chegam até esse site vêm em busca disso. No entanto me motivei a escrever sobre esse tema no artigo de hoje porque há cinco anos era empregado e montei uma empresa enquanto trabalhava das nove da manhã às seis da tarde. Esta empresa que foi fechada recentemente deu origem a outra empresa aberta agora em fevereiro. Sendo assim, minha ideia aqui é expor ao mesmo tempo as estratégias que adotei para montar uma empresa enquanto trabalhava formalmente como empregado dentro de outra empresa, as falhas que cometi à frente da minha empresa anterior e como estou estruturando o meu novo modelo de negócio depois de ter aprendido novas regras com os meus fracassos. Vamos lá.
Monte a sua estrutura básica enquanto ainda está empregado
Contrate um contador e dê entrada na abertura da sua empresa e crie tanto o site como o modelo de negócio de como ela funcionará enquanto é empregado. Como você precisa de um sócio para abrir uma empresa, procure escolher um que esteja vivendo a mesma situação que você para não gerar aquela cobrança que existe entre sócios em relação a quem está fazendo mais pela empresa. Se você estiver começando sozinho e não tiver outra empresa aberta, pode optar também por se tornar um microempreendedor individual para começar o seu negócio. Tendo sido aberta a empresa, criado o modelo de negócio (como ele irá funcionar) e o site estando de pé, chega a hora da prospecção de clientes. Porém, antes de prospectar, verifique se o modelo de trabalho inserido dentro do seu modelo de negócio permite o desenvolvimento das suas atividades em paralelo ao seu emprego. Como as minhas empresas sempre foram ligados a área de tecnologia, eu sempre podia reservar três ou quatro horas do dia para trabalhar nele sem prejudicar o meu emprego. Faça com que o seu modelo de negócio permita isso.
Prospecte clientes também enquanto ainda está empregado, mas preocupe-se com o conflito ético que existe nisso
Distribua cartões de visitas para os seus amigos. Mande e-mail para eles informando da abertura do seu novo negócio e prospecte clientes por e-mail ou telefone enquanto ainda está empregado. Se alguém agendar uma reunião contigo, faça a após o horário do expediente ou avise na empresa onde trabalha que em determinado horário de um determinado dia você irá se ausentar. Neste ponto existe um conflito ético que pode ser facilmente resolvido com bom senso. Se você ocupar um cargo na empresa onde trabalha que preste o mesmo serviço que a sua nova empresa irá prestar ou se você ocupa um cargo gerencial estratégico, é melhor conversar com o seu chefe. Mas se você é totalmente substituível e o seu trabalho poderia ser feito por qualquer um, você pode deixar claro para o seu chefe que está tocando um novo negócio ou então não precisa falar nada sobre isso, pois a sua saída eminente não prejudica o negócio do seu atual patrão.
Lembre-se que empresas são sustentadas por receitas recorrentes
Como todos os meses o seu aluguel, condomínio, conta de luz e água vencem, você precisa ter receita recorrente para manter a sua empresa rodando. Para isto faça uso de contratos de pagamento mensal. Sempre foque nisso. Um dos meus erros foi focar muito na venda de projetos e não criar um modelo de negócio sustentável que possibilitasse a minha contratação para serviços mensais. Até mesmo uma empresa que vende produtos, pode firmar contratos de pagamento mensal com seus clientes. Se você vende serviço, é mais fácil. O seu cliente paga um valor pelo “setup” do seu serviço e depois paga uma mensalidade pela manutenção dele. Já com produtos, o seu cliente adquire produtos da sua empresa e você deve ofertar a ele uma maneira de não se preocupar mais com aquela compra no mês seguinte, pois além de concedê-lo um desconto especial, você a entregará no dia determinado sem problemas.
É importante notar que a primeira compra do cliente na sua empresa deve ser a primeira de muitas. Na minha empresa anterior de criação de sites, eu não recebia nada em relação a hospedagem de sites dos meus clientes, por exemplo, assim como não fazia contratos de manutenção com a maioria dos meus clientes. Seus sites ficam hospedados em muitas dessas empresas de hospedagem que existem por aí e a minha empresa só era paga para fazer e ir embora. Não havia um comprometimento mútuo pelo resultado do projeto. Eu permiti que isso acontecesse principalmente para aqueles clientes que não podiam pagar um serviço de manutenção mensal, deixando que eles se afastassem de mim e não comprassem da minha empresa periodicamente. No modelo de negócio que criei para a minha nova empresa, até mesmo aquele que não quer pagar os serviços de hospedagem premium que envolve vários outros serviços agregados sem custo, continua meu cliente porque pratico basicamente o mesmo preço que as empresas concorrentes de hospedagem de sites praticam com o diferencial de eles não precisarem “abrir ticket de suporte” quando acontece um problema. Existe uma personalização no serviço que entrego atualmente e uma proximidade maior com meus clientes. Você percebeu onde eu quero chegar?
Estou chamando bastante atenção para este tópico para que você realmente não esqueça dele na hora de abrir a sua empresa. Mesmo você que tem uma loja que vende produtos, seja eles quais forem, pode oferecer para os seus clientes, um serviço diferenciado para entregá-los periodicamente os produtos que vende nas suas residências em contrapartida ao pagamento de uma mensalidade. Um loja de suplementos alimentares pode fazer isso. Uma loja de roupas pode fazer isso. Uma loja de informática pode fazer isso. E tantos outros tipos de empresas podem fazer isso. É só ter criatividade para montar seu plano.
Saia do seu emprego no momento certo
Defina em que momento você deve sair do seu emprego levando em consideração o investimento de tempo que você tem para atender seus clientes atuais, a receita mensal que recebe dos seus clientes fixos e a sua performance de vendas nos últimos meses. Verifique se o tempo que você investe nos seus clientes fixos é suficiente. Cheque se a sua receita mensal é maior que 50% do salário que recebe no seu emprego e avalie a sua performance de vendas, pois se em tempo parcial você consegue X clientes, estime quando poderia conseguir trabalhando fulltime para vender o negócio da sua própria empresa. Eu deixei o meu emprego quando senti que conseguiria muito mais receita trabalhando sozinho do que continuando empregado e decidi sair sem ter nenhuma receita recorrente comprometida. Apesar disso ter dado certo ou por sorte ou porque sou bom em vendas, recomendo que você utilize a estratégia menos arriscada que é aquela que se baseia na sua receita recorrente para decidir o momento certo para sair do emprego.
Por fim, atenda bem a sua base de clientes e progrida cliente após cliente em direção ao seu objetivo de receita mensal antes de contratar ou expandir o seu negócio. Eu cometi o erro no passado de deixar a empresa inflar com funcionários e despesas antes dela se estabilizar atendendo bem a uma base de clientes (ou fãs). Apesar de me arrepender dos erros, como sempre sugiro nos meus artigos, é importante mantê-los como lição para não repeti-los no futuro. Sendo assim, quando a sua empresa crescer a ponto de não ser possível atender bem os seus clientes somente por você e pelo seu sócio, procure pessoas experientes, um órgão como SEBRAE ou ajuda na internet em sites como esse, para pedir orientação a respeito das estratégias de crescimento da sua empresa. Esta segunda fase da empresa que vem após a abertura e estabilidade é ponto crucial para definir se a sua empresa irá seguir adiante ou falir. Portanto, preste ainda mais atenção neste ponto e não faça a bobagem de ser tão otimista ao ponto de acreditar somente no que pensa ou no que sente.
Manda pirão!
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