O espaço é cheio de potenciais perigos — cometas, marcianos, sacolas cheias de cocô de astronauta, você escolhe. Mas, caso fosse mesmo necessário se defender de um inimigo interestelar, uma arma tradicional funcionaria no espaço?
O vácuo do espaço sideral não é um problema na hora de disparar uma arma. Afinal, tecnicamente, armamentos não precisam de oxigênio para funcionar. A pólvora (ou qualquer que seja o explosivo que está no cartucho da arma) é completamente selada e não sofre interferência da atmosfera presente. Ela possui um oxidante misturado com o combustível e é perfeitamente capaz de disparar no vácuo. Até a cápsula do cartucho, que também é selada, funcionaria no vácuo.
De fato, uma arma não só funcionaria no espaço, como funcionaria até um pouquinho melhor, já que o projétil não precisaria comprimir o ar enquanto é disparado. E como no espaço não existe ar para diminuir a velocidade da bala conforme ela faz sua trajetória, a distância que o disparo pode atingir seria essencialmente infinita. É claro que a trajetória eventualmente faria uma curva, uma vez que ela provavelmente ainda estaria em órbita, mas uma órbita notoriamente diferente da órbita da arma ou da de quem fez o disparo.
Por exemplo, a Estação Espacial Internacional (EEI) tem uma velocidade orbital de aproximadamente 27,000 quilômetros por hora, que é o equivalente a 7,600 metros por segundo. Dependendo da arma, a velocidade de saída do projétil pode variar de 120 a 1.200 metros por segundo. Portanto, a órbita da bala se diferencia da órbita do astronauta que a disparou. Em geral, atirar reto de qualquer lugar vai resultar em uma órbita que sempre ficará acima ou igual a órbita da EEI. E ainda, se o projétil for disparado contra a órbita, ela pode sair da atmosfera e se perder no espaço.
Não há necessidade de modificar uma arma para que ela funcione no espaço. A diferença de massa da bala e da massa da arma — mais a da pessoa carregando a arma — vai assegurar que a bala receba a maior energia cinética da explosão (mesmo ambas recebendo o mesmo impulso devido à conservação de impulso).
No entanto, considerando que o astronauta esteja flutuando no espaço, se o cano da arma for apontado do centro da massa da arma/astronauta, o disparo causará um pequeno impulso angular ao astronauta.