O design das embalagens tem impacto no desempenho dos produtos no mercado
Por Fábio Mestriner *
O consumidor brasileiro é educado para o consumo e sabe exatamente quais são os produtos líderes e as melhores marcas. Não é por outro motivo que uma pesquisa da AC Nielsen revelou que 75% das marcas líderes no Brasil são de produtos mais caros em suas categorias.
A opção das marcas próprias nacionais por produtos mais baratos, sem se preocupar com a apresentação visual de suas embalagens, custou muito caro. Enquanto na Inglaterra, Suiça, Holanda e Alemanha os produtos de marca própria detém participações próximas dos 50%, no Brasil elas respondem apenas por 7% dos produtos vendidos nos supermercados.
Isto serve apenas para confirmar que o design das embalagens tem impacto no desempenho dos produtos no mercado. Só depois que perceberam que seus produtos eram rejeitados pelos consumidores porque suas embalagens eram muito inferiores às embalagens dos produtos de marca. Os supermercados correram atrás do prejuízo e agregaram um bom design a suas embalagens. O resultado foi que as vendas tiveram um salto. Com a nova identidade visual, a linha de produtos Carrefour obteve um aumento médio nas vendas de 150%, sendo que itens como o café torrado e moído que aumentaram 300% suas vendas apenas com a mudança do design de sua embalagem.
Resultados impressionantes como estes também estão sendo alcançados por pequenas empresas espalhadas pelo Brasil que aderiram ao Programa de Design, proporcionado pelo convênio firmado entre o SEBRAE e a ABRE. Por meio deste convênio, as pequenas empresas têm acesso a design profissional de embalagem, fornecido pelas agências de design que integram o Comitê de design da ABRE. O Sebrae subsidia 50% desses custos (fundos não restituíveis). O projeto tem provado, de maneira conclusiva, que a boa embalagem muda a performance dos produtos da pequena empresa de forma surpreendente.
Aumento nas vendas – na ordem de 100, 200, 300 e até 500% – tem sido alcançado pelas empresas que receberam os projetos de design fornecidos pelo convênio. Os mais de 350 projetos realizados até o momento são uma prova definitiva que, não importa o tamanho da empresa, o design de embalagem tem impacto em seu negócio e precisa ser incluído na busca do melhor desempenho competitivo de seus produtos.
Por dispor de poucos recursos para competir, a pequena empresa tem na maioria das vezes apenas a embalagem como ferramenta de apoio na venda de seus produtos. Porque então não fazer deste recurso o seu diferencial?
Sabemos que mesmo empresas grande porte, maioria das vezes, também não têm verba de marketing para apoiar seus produtos. Até mesmo as multinacionais deixam sem este apoio grande parte de seu portfólio para concentrar suas verbas nos produtos que são as estrelas de suas marcas.
Esta situação favorece a pequena empresa, pois nivela por baixo, no ponto de venda, a competição pela preferência do consumidor. Uma pesquisa do POPAI revelou que 81% das decisões que resultam na escolha das marcas são tomadas no ponto de venda e têm a embalagem como mediadora deste processo.
Assim, a pequena empresa pode se beneficiar desta situação, apresentando seus produtos em embalagens bonitas e atraentes.
Antes do Convênio do Sebrae com a Abre, isto não era possível, pois as MPEs não tinham dinheiro para contratar agências de design, mas agora isso se tornou viável e está ao alcance dos pequenos empresários que desejam dotar seus produtos de embalagens realmente competitivas.
O consumidor não separa a embalagem de seu conteúdo. Ele também não sabe se o produto foi confeccionado por uma empresa pequena. Portanto, através de suas embalagens, a pequena empresa pode ser grande aos olhos de seus consumidores!
*Fabio Mestriner é Coordenador do Núcleo de estudos da Embalagem – ESPM; professor do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem – MAUÁ; coordenador do Comitê de estudos Estratégicos – ABRE; e autor dos livros: Design de Embalagem Curso Avançado e
Gestão Estratégica de Embalagem.