por Mônica Pupo
Aposentar-se jovem e com um bom dinheiro na conta é o sonho de muita gente – mas pode parecer algo cômodo demais para pessoas tão dinâmicas como Paulo César Costa. Fundador da Informarketing, empresa especializada em base de dados vendida por um valor alto o suficiente para não ser revelado, o paulistano abriu mão dessa oportunidade tão almejada para seguir empreendendo. Sempre em busca de novos desafios, ele mudou de ramo e deu início à operação da PH3A, startup focada em e-commerce que recentemente lançou uma plataforma inédita no mercado brasileiro. “Até tentei ficar uns meses sem fazer nada, mas foram os piores da minha vida”, diz o inquieto empresário.
Formado em Matemática e Ciências da Computação, Paulo chegou a pleitear a incerta carreira de jogador de futebol durante um período da adolescência. Mas a descoberta da paixão pela tecnologia falou mais alto e ele ingressou de cabeça na área de exatas. Na função de programador, passou por grandes empresas, sempre atuando na área de banco de dados e Customer Relationship Management (CRM). Em paralelo ao trabalho que mais tarde passou a desenvolver para a Marketing Data Solutions, empresa que pertencia ao antigo proprietário do Banco Real, Aluisio Faria, o empreendedor criou sua própria carteira de clientes, que acabou dando origem à Informarketing, fundada em 1995.
A atuação da companhia centrava-se no conjunto de códigos e algoritmos desenvolvidos por Paulo e que revolucionaram o marketing direto, incluindo sistemas capazes de eliminar contatos repetidos, além de permitir os mais diversos cruzamentos de dados. “Fomos um dos primeiros a unir a inteligência no tratamento de informações com ações de marketing, permitindo que nossos clientes criassem campanhas cada vez mais eficazes e certeiras”, conta o empresário, que atendia grandes grupos do mercado financeiro, como Credicard, HSBC, Banco Real, Itaú, Santander e Citibank.
No final de 2006, o sucesso era tanto que chamou a atenção do Grupo Experian, líder no segmento de análise e gerenciamento de riscos, que à época desejava entrar no Brasil. “Fui convidado a participar de uma licitação e, após nos acompanhar por mais de três meses em visitas de diligência, eles me apresentaram uma proposta de compra tentadora”, relembra Paulo.
Mas vender a empresa – e, principalmente, abrir mão de uma tecnologia criada durante anos de pesquisa e estudo – não foi tarefa fácil. Até porque uma das cláusulas do contrato de venda impunha uma condição chamada de “no compete”. Muito utilizada em casos de transferência de tecnologia de informação, a regra visa impedir que os inventores transformem-se em concorrentes no mesmo segmento. No caso da venda da Informarketing, Paulo precisou se comprometer a ficar totalmente de fora da área de data-base por cinco anos. “Após a transação, em 2007, a única coisa que eu tinha na cabeça era me preparar para o fim do prazo de ‘no compete’; então reescrevi esses códigos numa linguagem ainda mais moderna e focada na web”, afirma o empresário, que deve apresentar a novidade a partir do próximo mês de setembro, quando termina seu “exílio” do mercado de banco de dados.
Quando se viu impossibilitado de atuar na área em que havia se dedicado durante praticamente toda sua carreira, Paulo não ficou intimidado. Pelo contrário, tratou de descobrir logo um novo nicho para investir. “A ideia de investir na área de e-commerce surgiu a partir de uma mistura de feeling com observação do mercado, já que o potencial de crescimento das vendas on-line é algo muito grandioso”, diz.
Disposto a “revolucionar o comércio eletrônico brasileiro”, o empresário reuniu uma equipe de desenvolvedores e fundou a PH3A, ainda em 2007. O objetivo: criar uma plataforma de e-commerce inédita, capaz de preencher todas as lacunas deixadas pelos produtos similares. “Geralmente o que as companhias de tecnologia oferecem são serviços chamados de full commerce, em que o comerciante precisa pagar taxas mensais de setup e fee. Além disso, cada etapa de toda a cadeia para comércio eletrônico é individualizada e fornecida por instituições distintas.”
Chamada Data Commerce, a plataforma levou cerca de cinco anos para ser desenvolvida e oferece gestão total da loja virtual “dentro de casa”, permitindo que os lojistas tenham redução no custo, além de adquirir maior agilidade nas operações no caso da atualização de produtos ou dados. “Com o nosso sistema, o comerciante paga somente uma vez pelo setup e full commerce, pois toda a plataforma é fornecida pela própria PH3A, o que inclui ferramentas de vitrine, backoffice, ERP (com opção de versão na web), meio de pagamento próprio, permitindo ao lojista reduzir o percentual do valor do produto, mais sistema antifraude, ligado ao Serasa Experian”, explica Paulo.
O único serviço terceirizado é a logística, mas para suprir a demanda a PH3A possui parceria com os Correios e as transportadoras Total Express e Completa. “Já estamos avaliando a hipótese de oferecermos um sistema de entregas próprio.” Pensando em facilitar a vida dos lojistas que não possuem área de estoque, a empresa também oferece a possibilidade de contratação de um espaço físico para guardar mercadorias, estrategicamente localizado em Barueri (SP). “Desenvolvemos essa plataforma de olho nos pequenos e médios empresários, focando em como suprir todas as inúmeras necessidades que eles possuem na hora de implantar e administrar uma loja on-line”, relata o empreendedor.
Paulo ressalta que, além das facilidades tecnológicas, o lojista também passa a contar com todo o apoio da equipe da PH3A na gestão do negócio, o que dá mais segurança aos marinheiros de primeira viagem, além de assegurar melhores resultados. “Vamos além da prestação de serviços de tecnologia e nos comprometemos a ajudar o lojista a vender mais, fornecendo suporte gerencial completo oferecido por nossa equipe, incluindo elaboração de campanhas de marketing, estatísticas, logística reversa e marketing direto, entre outros”, detalha Paulo.
Para divulgar e comprovar a eficácia da plataforma, a PH3A oferece o que chama de “contrato de risco”. “Ao contratar o serviço, o cliente não paga nada. Os pagamentos serão efetuados segundo um percentual estipulado sobre as vendas”, diz Paulo. Entre os clientes da empresa está o Grupo Scalina, proprietário das marcas Trifil e Scala. “A loja da Trifil já opera com nossa plataforma; a da Scala estamos finalizando e deve iniciar a partir de maio”, revela o empresário.