Nesta sexta-feira, enquanto eu aguardava para dar uma palestra na Univates, em Lajeado/RS, uma pessoa, que ouvia minha conversa com amig@s do meio startup, me perguntou: por que você veio vender um sonho, querer que a gente se arrisque abrindo uma startup?
Falei pra pessoa: você pode se arriscar sem abrir uma startup, se quiser. Falei também: não estou vendendo um sonho, estou apenas contando casos de pessoas que compraram os seus próprios sonhos e visões. Um número crescente de empreendedores inovadores. Meu papel é de testemunho, conhecedor. E sim, agora o Startupi vende cursos da iniciativa TERA, mas são cursos de habilidades, para que você aprenda a fazer coisas – não para convencer você a abrir uma startup ou empresa.
Eu não preciso que você abra uma startup. Eu não vou gostar mais de você por causa disso. Então por que dar a palestra? Por que ser mentor no Startup Weekend Lajeado? Porque muitas e muitas pessoas tem motivos, vontade, determinação, pulsação para inovar. Muitas vezes elas não conseguem inovar como profissionais autônomos ou como funcionários em estruturas pouco flexíveis. E muitas vezes essas pessoas não encontraram um caminho de desenvolvimento. Podem até ter ouvido falar do Parque Tecnológico, da Incubadora de Empresas, da entidades de negócios, mas não sentiram que a ajuda e a colaboração podem estar por perto.
Nosso papel é ajudarmos as pessoas que querem achar um caminho – pois muitas vezes elas não sabem como seria um caminho, não reconhecem um caminho quando o encontram porque não sabem como um caminho se parece. E a gente pode ajudar a reconhecer e a criar porque estamos acostumados a ver. E esta tese sempre é válida, validada, revalidada: sempre serve, sempre tem valor, as pessoas sempre usam. De qualquer forma, quase metade dos participantes do Startup Weekend disseram que se inscreveram por curiosidade, uma curiosidade indefinida que indica uma mente aberta e uma busca por novidades, por conhecimento. No mínimo duas das equipes que mentorei já tinham significativa validação em menos de 20 horas de equipe formada, mesmo tendo desconstruído sua ideia original.
Quem não tem essa “coisa”: não se preocupe. Ninguém vai te achar deslocado ou menos moderno. Mas os riscos não vão te poupar por você não querer mexer com eles. E quando os riscos pegam as pessoas menos criativas, menos flexíveis, versáteis, preparadas, pode ser que leve mais de 20h para conseguir “se entrosar” em uma turma que consegue superar erros, faltas de fundamento e quetais. Se arriscar de propósito (portanto, com propósito) é criar oportunidade.
Relendo o texto agora, parece que gosto mais de pessoas que inovam e se arriscam com propósito. Talvez eu apenas sinta menos medo de estar perto delas. Menos medo delas e da fragilidade da segurança e certeza delas.
Enquanto isso, corporações poderosas tentam se parecer e se misturar cada vez mais com startups. Pessoas ficam admiradas: “ah se o lugar onde eu trabalho fosse assim como uma startup” ou “ah se meus funcionários fossem mais como esses da startup”.
Ah, se eu entendesse disso 20 anos atrás, quando comecei a trabalhar. De toda forma, fico animado para o que pode estar por vir.
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