No início de Final Fantasy X, Tidus, olhando as ruínas da cidade de Zanarkand, pede para ouvirmos a história dele. Eu já sabia aquela história e lembrava (mesmo que vagamente) como ela terminava, mas ao jogar a versão HD Remaster do jogo – que chegou recentemente ao PS4 – deparo-me não só com a história de Tidus como também um pouco da minha.
A Square Enix relançou Final Fantasy X (junto com sua continuação Final Fantasy X-2) em versão HD primeiro para PS3 e PSVita no ano passado. Foi quando a jornalista Leigh Alexander fez este excelente artigo ao revisitar o jogo no Gamasutra.
O texto mostra como muitas vezes voltar a games (ou mesmo filmes ou livros) que nos foram importantes pode ser quase que uma máquina do tempo. Por meio deles, olhamos para como éramos há dez, 15, talvez 20 anos atrás. “Jogos recobrem nossa memória da pessoa que éramos quando os jogamos, deixando jovens fantasmas em suas infraestruturas que sempre estarão lá”, diz Leigh.
Eu não sabia ao certo se isso aconteceria comigo ao também voltar a FF X. Na minha memória, o jogo permanecia entre os melhores Final Fantasy que já joguei, mas não saberia dizer que lembranças ele traria consigo. Foi só rever a abertura do jogo, depois de tantos anos, para saber a resposta.
Bastou esse momento e essa música para que cenas, personagens e frases inteiras (“It Begins. Don’t Cry”) ressurgissem. Aos poucos, o verdadeira motivo por Final Fantasy X ter sido especial quando joguei pela primeira vez começou a aparecer.
Enquanto em seu texto Leigh Alexander retornou para a adolescente que se identificou pela primeira vez com uma personagem feminina (Yuna), pra mim revisitar o mundo de Spira me fez voltar ao adolescente que – mais do que ficar maravilhado pelos gráficos – se viu impressionado em como o tema de religião foi tratado em um videogame.