Perdi meu tempo lendo discussões (sem base) sobre o design do Timeline: A grande novidade do Facebook, que foi apresentada pelo próprio Markão (como o Merigo já mostrou aqui). E digo isso porque, antes de falar sobre qualquer assunto relacionado a isto, precisamos colocar a seguinte carta na mesa:
“Toda mudança é traumática.”
Para todos é sempre um desafio ver uma mudança pelo “processo de evolução que nos tornará melhores”, ou “que impactará de forma significativa nossas vidas”. Na sua cuca mudar é sempre uma merda: tudo o que você já estava condicionado a fazer perde o sentido e a sua memória muscular (aquilo que te faz realizar ações no automático, sem pensar) exige que seu cérebro acorde e aprenda tudo novamente. Mas não é por ser traumática que uma mudança é necessariamente negativa. Pelo contrário: muitas vezes o tempo prova que realmente foi melhor para você. Afinal, a mudança é a lei da vida ou não é, minha gente?
Mas tecnicamente falando, eu caguei para o que todos acham do UXD, do layout, da paleta, do grid ou de qualquer outro detalhe estético do projeto. Balela. Pois o ponto-chave que deve ser discutido não é esse. O que realmente nos interessa é perceber a sacada em proporcionar um jeito incrível de relembrar a sua vida, apresentá-la para seus amigos e – o que eu considero mais importante – reescrever a sua história.
Com a possibilidade de resgatar tudo o que já foi dito na rede social, o usuário constrói a sua linha da vida, contando de onde veio, onde estudou, para onde viajou, por onde passou, com quem namorou/casou/separou, quando comprou seu carro, sua casa e ainda acrescenta trilha sonora para tudo isso: compartilhando músicas, discos ou artistas.
E quando falei em “reescrever a sua história”, digo novamente: é quase um DeLorean DMC-12 na vida de muitos. Não sejamos hipócritas nesse momento: Nas Redes Sociais todos são lindos, magros, legais, inteligentes, nunca foram demitidos, nunca se envolveram em fracassos e nunca contaram moedinha pra comprar bolacha no perrengue do final do mês. Mais ou menos como em curriculum. Muita gente aumenta um ponto, inventa um curso, ou espiaqui ingrish laique Joel Santana com fluência. Agora imagine isso de uma forma fácil de atualizar, pública para seus amigos e com um estética agradável? Xeque-mate.
Vidas reconstruídas de forma exemplar. É como já disse Joseph Goebbels, ministro da propaganda e comunicação nazista (e olha que disso eles entendiam):
“De tanto repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade.”
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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