O Silk Road era o maior site anônimo para venda de drogas, movimentando US$ 1,2 bilhão em vendas até ser derrubado pelo FBI em 2013. Seu fundador, Ross William Ulbricht, foi acusado de tráfico de drogas, invasão de computadores e lavagem de dinheiro – e, em julgamento, foi condenado por tudo isso.
O Tribunal Federal de Manhattan decidiu que Ulbricht, um californiano de 30 anos, é o narcotraficante “Dread Pirate Roberts” que comandava o famoso site de drogas desde 2011.
Agora só falta ao tribunal decidir quantos anos ele ficará preso. Somadas, as sentenças mínimas obrigatórias chegam a 30 anos, como explica o FBI. A sentença máxima é prisão perpétua.
Quem é Dread Pirate Roberts?
O julgamento foi terrível para Ulbricht, que não quis depor. Seu advogado de defesa, Robert Dratel, admitiu já no início que Ulbricht tinha começado o império online de drogas, mas argumentou que não havia nenhuma maneira de provar que seu cliente continuou no comando.
A parte mais importante do caso era ver se a promotoria conseguia convencer o júri de que Ulbricht era Dread Pirate Roberts, que criou e supervisionou o Silk Road desde sua concepção até sua apreensão pelo FBI.
Para levantar dúvidas, a defesa se apoiou na ideia de que a identidade digital é algo inerentemente obscuro. Dratel chegou a acusar Mark Karpeles, ex-CEO da Mt. Gox – esta foi a maior casa de câmbio para Bitcoins até sair do ar. Alegou-se que Karpeles armou para cima de Ulbricht, para que ele fosse preso. O Silk Road usava a moeda virtual Bitcoin quase que exclusivamente.
Isso não foi o bastante para convencer o júri, que considerou Ulbricht culpado de “empreendimento criminoso contínuo”.
A promotoria rebateu essa narrativa com provas ligando Ulbricht aos negócios do Silk Road e de Dread Pirate Roberts, incluindo transferências em Bitcoin no valor de US$ 13,4 milhões entre o site de drogas e seu computador pessoal.
O volume de provas contra Ulbricht, incluindo diários pessoais, era contundente. A defesa insistiu que o verdadeiro Dread Pirate Roberts plantou diversas provas para enquadrar Ulbricht, mas não convenceu.
Ulbricht também encomendou seis assassinatos enquanto comandava o Silk Road: ele pagou milhares de dólares para assassinos de aluguel eliminarem pessoas que pudessem atrapalhá-lo. No entanto, ele nem foi acusado formalmente porque, como diz o FBI, “não há provas de que esses homicídios foram efetivamente realizados”.
Silk Road ressuscita
E assim termina este capítulo da saga bem estranha do Silk Road. Claro, o mercado anônimo de drogas não acabou. Ele ressuscitou com o nome Silk Road 2.0, vendendo drogas e outros itens ilegais; em novembro, o FBI também o fechou.
Agora, o Silk Road Reloaded oferece drogas e outros produtos ilícitos (exceto armas e credenciais roubadas de cartões de crédito), aceita oito criptomoedas – não só Bitcoin – e usa a rede descentralizada e anônima I2P. Seus antecessores ficavam na rede Tor, que está na mira do FBI há algum tempo e pode não ser tão anônima assim.
Fecha-se um mercado, abrem-se outros. Tentar acabar com o Silk Road é mais difícil do que parece. [FBI via Forbes; CNBC]
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