Você acha que este ano está cheio ou esvaziado de mudanças? No Brasil, muita coisa parece truncada: a sequência carnaval-copa-eleições não nos ajuda a superar a complacência do Poder (governo e corporações). Neste período, juíza californiana mandou subir para US$ 380 milhões o valor da compensação que Adobe, Apple, Google e Intel terão de pagar a 64.466 funcionários que conseguiram provar estarem sendo vítimas de roubo salarial. Por outro lado, aplicativos brasileiros criados por startups estão finalmente conseguindo destaque e desempenho.
Habitantes de países em desenvolvimento historicamente olham para habitantes de países desenvolvidos em busca de inspiração. A própria ideia de globalização sugere que as benesses dos evoluídos sejam estendidas aos demais. Até mesmo os brasileiros que só tomaram conhecimento do movimento startup agora, por meio da novela Geração Brasil, sabem que o Vale do Silício é o farol da inovação. Imitar o Vale do Silício virou pauta na imprensa, nas startups, nas corporações e na política.
Que feio, Vale do Silício 🙁
“Tenha cuidado com o que deseja”, costuma dizer meu mentor yogi. O Vale também é repleto de coisas ruins, como essas empresas que acordaram entre si que os funcionários não devem receber propostas com salários melhores (com flagrante comprovado). Um CEO co-fundador do MySpace (vendido à News Corp em 2005) chegou a pedir que a juíza fosse removida do caso, mas o pedido foi negado (veja) porque ele forjou informações para tentar denegri-la como “ligada à administração Obama” – e também porque o milionário está devendo à Corte (leia).
Além desses absurdos, um lobista em San Francisco (conhecido por auxiliar empresas monopolistas a se defenderem na Justiça perante abuso de poder contra funcionários) está por trás de uma série de anúncios publicitários que querem convencer jovens e trabalhadores do setor de Serviços a ganharem salários menores para protegerem seus empregos (e não serem substituídos por iPads).
O custo de vida na cidade vem subindo e muitos põe a culpa (pelo aumento anual de 10% nos aluguéis, por exemplo) nos jovens que ganham bem trabalhando em empresas de tecnologia. Mas, ser pago por empresas gigantes para fazer campanha publicitária objetivando uma pressão pública para que os trabalhadores ganhem menos parece tão bizarro quanto qualquer excentricidade política que acontece em países menos desenvolvidos.
Que lindo, Brasil 🙂
Ainda bem que aplicativos de startups brasileiras vem finalmente aparecendo em destaque nas lojas de aplicativos. Qualquer um que entre na App Store brasileira, por exemplo, encontra muito mais aplicativos estrangeiros do que nacionais. Há poucos dias, o gerenciador financeiro pessoal GuiaBolso (de Thiago Alvarez e Benjamin Gleason) apareceu em sétimo lugar entre todos os apps gratuitos mais baixados (à frente de mensageiros populares).
No final desta semana, o utilitário de publicação Blogo (de Amure Pinho) estreou nas lojas virtuais de aplicativos da Apple de diversos países como destaque geral. Foi o primeiro brasileiro a conseguir a façanha. O app, que visa a facilitar a vida de blogueiros, jornalistas e outros publicadores de conteúdo, também caiu nas graças da Evernote. Acho que o Blogo logo vai cair nas minhas graças (como já aconteceu com o GuiaBolso) por motivos bem simples: apresentam funcionalidades antes não-disponíveis no mercado, que simplificam e agilizam a vida e o trabalho.
O GuiaBolso é gratuito, e o Blogo custa temporariamente 15 dólares (vai custar 30 e estava rolando um link promocional limitado para baixar de graça pelo Evernote, se não me engano, mas fiz questão de pagar os 15). Torço muito que, em meio a tanta loucura no meio startup do Vale do Silício e no meio político no Brasil, a Internet brasileira realmente esteja dando passos adiante capitaneados por empreendedores criadores de tecnologia boa – e torço também que estes consigam cobrar pelo uso e sejam bem compensados (juntamente com seus colaboradores).
Foto de abertura: Paul Carr/Pando.
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