Há muito tempo existe uma discussão sobre plágio de piadas na internet. Tanto é que, nesse mundo, o plágio de humor ficou carinhosamente apelidado de kibe, em homenagem a um site de humor famoso que era frequentemente acusado de roubar material cômico de outros blogs e fóruns.
A originalidade sempre foi posta em xeque em tempos onde tudo é remix, tudo se reinventa. Na internet, existe autor? Aliás, se existir, por que quem se reapropria daquilo não pode ser autor também, se ele está modificando o original?
Desde o surgimento da fan page Gina Indelicada no Facebook a discussão esquentou em todas as redes sociais e diversos veículos de imprensa foram atrás de quem estava por trás do fenômeno. Ricck Lopes, que já deu uma palestra sobre criação de conteúdo pro Facebook no youPIX Festival, tem só 19 anos, faz faculdade de publicidade e já foi dono do segundo perfil de Twitter mais retuitado do mundo, o @VouConfessarQue. Deu entrevista pra Forbes, foi no Agora é Tarde e depois do boom recebeu diversas propostas de emprego. Até mesmo a empresa que teve sua garota-propaganda reformulada por ele, a Palitos Gina, demonstrou interesse em parceria.
O problema é que as piadas da Gina começaram a ser acusadas de serem cópia de piadas de tuiteiros. Enquanto ficou no disse-que-disse, nada demais (afinal, recalque a gente vê em todo lugar). Mas shit got serious quando foi criada a página Gina Kibadora Indelicada. Em três horas, já tinha mais de 9 mil curtir. 15 horas depois da criação, quase 13 mil. A página reúne os prints das piadas originais e os posts da Gina, contendo datas que comprovam a reapropriação do material. (Além de alfinetadas e ataques ao criador da Gina Indelicada)
Na entrevista que Ricck deu no Agora é Tarde, ele falou sobre plágio e disse que das 110 piadas da Gina, apenas 15 seriam criação de outrém e repostadas por ele. Além disso, ele mesmo disse que acredita que isto não é errado, afinal as piadas mesmo já são reinventadas. Pra ele, se a piada for readequada e bombar nas redes, não tem problema nenhum.
O plágio de piadas não é nenhuma novidade, o stand-up vem encarando isso faz tempo. A diferença é que nesse caso o meio é muito menor, todos se conhecem e rola uma camaradagem. Se o cara vir que tá ficando igual, fala com o autor da piada original e as coisas ficam mais tranqs. Afinal de contas, tem muitas piadas que são meio óbvias, temas que são super debatidos e já são quase uma “piada pronta”. Só que se rolar plágio na cara dura mesmo, o ramo inteiro fica sabendo e é péssimo pra carreira do comediante.
Na internet, o kibe é controverso. Tem gente que acha que tudo bem, afinal de contas quem postou inicialmente pode nem ter sido o autor da piada mesmo; mas também tem gente que não curtiu o fato do Ricck ter ficado famoso e sair numa boa dessa história toda usando os talentos cômicos alheios, sem nem ao menos dar crédito.
O grupo Entusiastas da Social Media debateu isso longamente e é possível ver diferentes pontos de vista em cada tópico. Inicialmente, foi a questão de uso da marca Gina sem autorização: se a empresa deveria processar, firmar parceria, etc. Foi então que surgiu a Gina Kibadora Indelicada e a discussão se voltou fortemente pra isso. Interessantemente, o alcance foi além dos profissionais de mídias sociais e gente de outras áreas também anda se manifestando em suas páginas pessoais.
No grupo também o pessoal postou alguns kibes feitos por fan pages de marcas, como essa do Guaraná Antarctica e essa da Halls. Tem até uma enquete “kibe é aceitável?”, onde a maioria acha que tudo bem, desde que seja creditado quem foi que postou originalmente.
A página Gina Kibadora mostrou 15 posts que teriam sido plagiados pela Gina Indelicada até o momento (exatamente o número que Ricck afirmou terem sido copiadas). As provas de que foram copiados estão lá, resta agora a discussão sobre a ética do humor na internet, um assunto que parece tão velho quanto os próprios blogs.
O que vocês acham? Reapropriação de material cômico alheio é natural na internet? Deve ser creditado, ou ainda evitado? Deixem suas opiniões nos comentários!
Pra ler e se informar mais sobre diferentes pontos de vista desse caso, recomendamos os seguintes textos:
- Forbes, a Gina Indelicada e as Empresas Engajadas no Facebook – texto do Interney
- Post da Flavia Vianna sobre o buzz Gina
- Gina Indelicada é um bom exemplos para as marcas? – matéria da Exame
- Furando Olho – texto do Ulisses Mattos