Uma briga de gigantes tem acontecido por meio das mídias sociais. O Google e a Microsoft, duas empresas que dispensam apresentação por aqui, vêm se acusando mutuamente das práticas mais nocivas para o pleno desenvolvimento de um mercado competitivo. Em questão está o leilão de patentes anteriormente sob administração da Novell, cujo grupo vencedor tem a Microsoft e a Apple. O Google não gostou nada da história e decidiu colocar a boca no trombone.
Google acusa
Na quarta-feira (03), um texto escrito pelo executivo responsável pelos assuntos legais do Google iniciou a discussão. David Drummond acusa a Microsoft e a Apple de armarem um complô contra o Android. O consórcio liderado pelas duas companhias deu o lance mais alto e levou milhares de patentes da Novell. Drummond diz que existe uma “campanha organizada e hostil” contra sua plataforma móvel operada pelas duas companhias concorrentes, além da Oracle e outras empresas.
O lance ganhador das patentes da Novell foi de US$ 4,5 bilhões. Um valor exorbitante se comparado ao US$ 1 bilhão mínimo para que a venda acontecesse. Na busca por patentes que permitam dificultar a distribuição do Android, o grupo de empresas subiu tanto seu lance a ponto de quadruplicar o preço das patentes da Novell.
“Patentes foram criadas para encorajar a inovação, mas ultimamente elas estão sendo usadas como uma arma para interrompe-la”, escreve o executivo. De acordo com ele, a Microsoft possui uma estratégia para prejudicar o Android que inclui cobrar até US$ 15 sobre cada aparelho vendido com a plataforma — tudo graças às patentes que possui.
Microsoft responde
Chamada para o embate, a Microsoft deu uma resposta aparentemente à altura para as acusações do Google. Dessa vez no Twitter, conselheiro-geral Brad Smith disse que o Google foi convidado para fazer parte do consórcio que, liderado pela própria Microsoft e pela Apple, viria a ganhar o leilão.
Não bastasse isso, surgiu a captura de tela de um email trocado em outubro de 2010 no qual um dos conselheiros do Google diz não ter interesse em participar do consórcio. Na mensagem, Kent Walker diz que “por uma série de motivos um lance conjunto não seria o recomendável para nós nesse momento”. De forma muito polida, Walker agradece o convite.
Veja você mesmo:
Ao tratar do assunto, a MS deu a entender que o Google reclama de não ter conseguido o pacote de patentes da Novell, mas que não estava disposto a fazer um lance conjunto.
A réplica do Google
Depois de ver um email aparentemente legítimo de um de seus executivos, o Google voltou às acusações. Em nenhum momento a companhia nega ter rejeitado o convite de lance em conjunto com a Microsoft para comprar o pacote de patentes. Ao atualizar seu texto com novos comentários, David Drummond afirma que a concorrente quer tirar toda e qualquer patente que permita ao Google ou seus parceiros no Android de se defender de “ataques”.
Caso o Google aceitasse fazer o lance em conjunto, as mesmas patentes válidas para o Android poderiam ser utilizadas para o Windows Phone ou o iOS, por exemplo. Todos os ganhadores das patentes teriam os mesmos direitos sobre ela, tornando-se impossível que um processasse outro membro do grupo, nas disputas de propriedade intelectual que já cansamos de ver.
Drummond sugere que as demais patentes compradas pela Microsoft poderiam ser usadas em futuros processos que prejudiquem o Android. No entanto, ao aceitar participar de um lance conjunto, o Google não teria patentes de sua propriedade exclusiva para negociar nos futuros processos. O famoso “toma lá, dá cá” não seria possível, portanto.
A tréplica da Microsoft
Frank Shaw, o responsável por toda a parte de relações públicas da Microsoft, escreveu vários tweets sobre o assunto. Resumindo:
“Nós oferecemos ao Google a oportunidade de fazer a lance conosco para comprar as patentes da Novell; disseram não. Por quê? Porque ele querem comprar aquilo que poderiam usar contra outros. Então, fechar parcerias com outros (…) não é algo que eles queriam ajudar a fazer.”
O silêncio da Apple
Até agora, a Apple não deu uma palavra sequer sobre o assunto. A acusação inicial do Google envolvia tanto a empresa de Steve Jobs como a Microsoft. No desenrolar da história, a Microsoft respondeu e foi acusada novamente, enquanto a Apple manteve um silêncio intransponível.