O Kindle Fire HD é matador no papel. Pessoalmente, ele é… agradável. Isso seria a receita para a decepção se você se esquecesse por um segundo como essa coisa é barata.
Fisicamente, o Fire HD é sensacional. Só conseguimos tocar a versão de 7″, mas a de 8,9″ também é fina e bonita. O de 7″ é leve e muito melhor de segurar do que o Fire original. A tela é linda também, com um ângulo de visão absurdamente amplo. Ela é brilhante, cristalina e é exatamente como deveria ser. Mas…
Mas não é nem perto de ser tão suave quando o Nexus 7 com o Jelly Bean é. O sistema do primeiro Kindle Fire era feito em cima do Gingerbread (Android 2.3) e no Fire HD temos uma versão bastante modificada do Ice Cream Sandwich (4.0). E depois de usar o Jelly Bean (4.1) no Nexus 7, é impossível voltar ao ICS sem senti-lo horrivelmente lento e cheio de engasgadas.
O quão ruim é isso? É ruim a ponto tocar um ícone e se perguntar se o fez certo, se talvez você não tenha tocado firme o bastante. A leitura bimodal, por exemplo, leva quase 10 segundos para carregar. O Raio-X, cerca de 5 segundos. Nenhum deles tem um indicador visual de que algo deu errado. Nos disseram que estávamos usando modelos de produção, finalizados, o que torna tudo bem decepcionante. Ele chegará aos compradores desse jeito.
O Raio-X para filmes é muito, muito legal ao vivo. Mas temos a sensação de que ele acabará como o Raio-X de livros que já existia no Fire original. E que ninguém jamais usou pra valer.
De positivo, junto com a fantástica tela, as saídas de som: elas são realmente boas. Digo, elas pelo menos soam assim. Nós as ouvimos em um hangar lotado com um monte de blogueiros de tecnologia, logo o simples fato de termos conseguido ouvir alguma coisa nos impressionou. Teremos um julgamento mais apurado tão logo possamos ouvir um som nesse tablet em algum lugar mais silencioso.
A leitura bimodal (onde você escuta um áudio livro enquanto o texto é destacado na sua frente) é outro grande ponto positivo tão logo ela começa a funcionar. Será ótimo para pais de crianças mais preocupados em brincar com outros gadgets do que em ler para elas, claro, mas é só uma maneira mais relaxante de se ler. Seja honesto: você gosta quando um amigo lê para você quando está doente e a sua canja ainda não ficou pronta. O recurso se parece muito com isso.
Dentro dos apps de mídia, as coisas são familiares. A interface de leitura é praticamente a mesma à qual você está acostumado, apenas com alguns extras da Amazon. Mas agora existem tantos “extras”, tantos recursos que ela parece um pouco atulhada, cheia. A claustrofobia aparece na interface dos livros, mas fica mais evidente na dos filmes, onde o Raio-X e o logo do IMDb e todas as outras coisas se juntam para formar uma bagunça visual. É um choque, vindo da fidelidade estética do Jelly Bean ou do Windows 8.
Mas isso não é o suficiente para equilibrar a balança com a lentidão, porém. E, sinceramente, seria ok se a Amazon pudesse surpreender a todos no preço como ela fez com o Fire original. Ela não pode mais. O Nexus 7 do Google está num valor tão próximo — mesmo cobrando US$ 250 pelo modelo de 16 GB, enquanto o do Fire sai por US$ 200 — que a proposta de um tablet com umas travadas perceptíveis não vale os trocados economizados. Comparado a um iPad de US$ 500? Aí sim. Mas o jogo mudou para os pequeninos.
Novamente, estamos falando do modelo de 7″. Ainda tem o de 8,9″ a ser considerado. Será que o pequeno ganho no processador (TI4470 vs. TI4460) ajudará com a lentidão do sistema? Provavelmente não. Mas a tela é tão bonita quanto a do modelo de 7″. Ele é fino e tem um bom encaixe e seria o tablet perfeito apenas se rodasse o Jelly Bean. Ele não roda, mas não existe alternativa nessa faixa de preço para esse tamanho. 8,9″ é um tamanho ótimo para um tablet. Com uma ótima tela, um grande ecossistema da Amazon e do Amazon Prime e ótima qualidade de construção, talvez isso seja o bastante para virar o jogo a favor da Amazon.