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Incubadora é ambiente perfeito para começar negócios inovadores


por Raquel Rezende

A vida real para o empreendedor bra­sileiro não é nada fácil. Para abrir as portas de qualquer negócio, o microempresário se vê em um emaranhado de impostos, taxas, contribuições, juros elevados e burocracia. Sem falar no desconhecimento de muitos aspirantes a empresários diante das práticas de gestão, entre elas o dia a dia das áreas financeira, contábil e de marketing. Diante desse cenário desanimador, o ambiente de uma incubadora se mostra muito mais tran­quilo e seguro para quem está começando a dar seus primeiros passos empresariais.

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Geralmente, as empresas apoiadas por programas de incubação apresentam ta­xas de sobrevivência mais altas. De acordo com pesquisas realizadas, há alguns anos, pela Associação Nacional de Entidades Pro­motoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), somente 20% das empresas que passaram por um período de incubação fali­ram, um número bem inferior à taxa de mor­talidade registrada por micro e pequenas empresas em geral, conforme resultados de estudos divulgados pelo Sebrae – 30% nos primeiros dois anos

Hoje existem 384 incubadoras atuando no Brasil. Essas instituições apoiam 2.640 empresas em processo de incubação e geram 16.394 postos de trabalho, conforme dados apurados em um estudo sobre incubadoras, lançado no ano passado, pela Anprotec, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecno­logia e Inovação (MCTI). A pesquisa revelou, também, que as incubadoras já graduaram 2.509 empreendimentos, que faturam R$ 4,1 bilhões e empregam 29.205 pessoas. “Esses números mostram o impacto que as incubadoras exercem na economia. Outra informação importante, revelada por este estudo, que também é um indicador de como as incubadoras têm impacto no desen­volvimento, é o fato de que 98% das empre­sas incubadas inovam. Isso significa que os empreendimentos incubados estão gerando inovações e possibilitando que a economia do País se torne cada vez mais competitiva”, avalia Francilene Procópio Garcia, presiden­te da Anprotec.

Francilene observa que, no Brasil, em quase meio século de operação, é visível a melhoria da competitividade nos territórios que se movimentam com a parceria de in­cubadoras de empresas, aceleradoras de negócios, parques ou polos científicos e tecnológicos. Ela destaca ainda que o em­preendedorismo inovador é reconhecido como um importante instrumento para o desenvolvimento sustentável do País. “Os mecanismos de apoio à inovação contri­buem de forma relevante para consolidar a formação de uma forte e competitiva indús­tria baseada no conhecimento, bem como criar condições mais favoráveis à agregação de tecnologia e inovação ao setor industrial, agrícola e de serviços já estabelecidos no Brasil”, comenta.

“As incubadoras são uma janela por onde empreendedores, inventores e estudiosos conseguem colocar suas ideias e projetos em prática.” O conceito explicitado por Ga­briel Sant’Ana Palma Santos, coordenador da incubadora Midi Tecnológico, localizada em Florianópolis, define bem o papel dessas entidades no incentivo aos negócios ino­vadores. “Não é necessário ter CNPJ. Se o empreendedor tem uma ideia, ele, simples­mente, pode preencher o plano de negócios disponível no site do Midi e passar pela ban­ca selecionadora para saber qual potencial tem a sua ideia. Ao ser selecionado, além de networking, ele terá acesso a consultorias nas áreas de recursos humanos, marketing, financeira e jurídica”, afirma. Outra vanta­gem de submeter a proposta do negócio ao crivo de uma incubadora, segundo Santos, é que a banca vai avaliar as projeções econô­micas e o potencial inovador da atividade. “Os empreendedores serão questionados, eles passam por uma banca oral e diferentes questões serão levantadas. Somente passar pelo processo seletivo já vai ajudar na iden­tificação de problemas e na colocação mais adequada da empresa ao mercado”, explica.

Se a proposta de negócio for aprovada pela banca selecionadora da incubadora, o empreendimento começa a ser criado e, nessa trajetória, recebe orientações de con­sultores que ficam à disposição da empresa. A possibilidade de participação em cursos, eventos e palestras também é maior. Com todo esse apoio, a facilidade de contatos com investidores nacionais e internacionais e o acesso ao mercado também são facilitados. “Para que a travessia dos principais pontos críticos enfrentados por uma empresa seja mais fácil, barata e com muito mais sucesso, as incubadoras são a solução. Grandes em­presas de Santa Catarina e do Brasil começa­ram em incubadoras”, diz o coordenador do Midi. Ele comenta ainda que a maior parte dos empreendedores sai da universidade com uma ideia ou projeto e eles são bons na área tecnológica, mas falta saber de gestão. “É difícil a transformação de técnico para empresário”, avalia.

A incubadora Midi Tecnológico, que é mantida pelo Sebrae de Santa Catarina e gerenciada pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), foi criada em agosto de 1998. Desde então já graduou 66 empresas. Atualmente, tem 12 empresas incubadas na modalidade de residente e 11 empresas incubadas virtualmente. A incuba­dora tem capacidade para abrigar, via proces­so seletivo público e periódico, 15 empresas incubadas na modalidade de residentes, que, depois de passarem pelo processo de incubação, em média de dois a quatro anos, são denominadas empresas graduadas. O Midi oferece ainda uma modalidade para incubação virtual, pela qual os empreendi­mentos não ficam instalados fisicamente na incubadora, mas recebem consultorias e têm acesso aos benefícios oferecidos. O Midi Tecnológico foi eleito em 2008 e 2012, na categoria de “Desenvolvimento local e setorial”, a melhor incubadora de base tec­nológica do Brasil pelo Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, promovido pela Anprotec.

Reconhecida e premiada, a incubadora Midi prepara “suas filhas” para o sucesso. Uma delas é a empresa Arvus, que conquis­tou o segundo lugar na categoria “Melhor empresa graduada”, do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador 2011. A em­presa é especializada no desenvolvimento de tecnologias para agricultura e silvicultura de precisão. Com sede em Florianópolis, foi fundada em 2004 e atua nas principais fronteiras agrícolas do Brasil. O diretor da Arvus, Gustavo Raposo, diz que o processo de incubação no Midi fez a Arvus buscar de forma mais rápida o seu espaço no mercado. “O Midi tem regras bem definidas e o fato de ter uma data limite para sair da incubadora auxiliou na aceleração do crescimento da empresa”, afirma.

Para Raposo, as incubadoras ajudam a olhar o negócio como um todo, fornecendo um panorama administrativo e comercial im­portante. Outra faceta que envolve o mundo das incubadoras, citada por Raposo, é o fato de a empresa ter mais visibilidade e credibili­dade diante de possíveis investidores. “Além da incubadora te apoiar financeiramente e oferecer consultoria subsidiada, estar incu­bado te permite um acesso muito maior ao mercado de captação a fundo perdido, rece­bendo recursos dos órgãos de investimento como Finep, CNPq e investidores privados”, destaca. Raposo diz que tudo está resumido ao dinheiro que a empresa tem para colocar seu negócio em prática, aliado a mão de obra qualificada. “Sem capital não tem como uma empresa ir para frente. Ese você tem acesso ao capital, você consegue. A incubadora aca­ba propiciando-lhe o acesso aos recursos e, assim, você consegue mais rápido”, opina.

Apesar de afirmar que o ambiente de uma incubadora é excelente para começar uma empresa, Raposo observa que o pro­cesso de incubação não garante que uma empresa vá crescer. “O empreendedor cos­tuma ser cego, acha que o negócio dele é o melhor do mundo; então é bom ele ver bem o que está fazendo, elaborar um plano de ne­gócios, ir atrás de uma incubadora para ver se sua ideia é viável.” O dono da empresa Brasil Ozônio, graduada pelo Cietec – incubado­ra de empresas de base tecnológica de São Paulo –, Samy Menasce, também concorda com Raposo, da Arvus. Para ele, somente a incubadora não é a solução. “O empreende­dor tem que ter coragem e ser atrevido no mercado. A incubadora é facilitadora e não executora, por isso é preciso ter veia empre­endedora”, destaca.

Eesse instinto para o empreendedorismo inovador persegue Menasce. Um dos re­sultados disso foi a criação do Sistema BRO3, espécie de gerador de ozônio utilizado para o tratamento da água, pela empresa dele. O Sistema BRO3 apresenta eficiência certifica­da na remoção da carga microbiana, do nível tóxico de compostos orgânicos e de metais pesados. As aplicações vão desde sanitização de hortaliças, na agricultura, até higienização de ambientes.

Após dois anos na incubadora da Univer­sidade de São Paulo (USP), a Brasil Ozônio entrou no mercado atuando na pesquisa e desenvolvimento de soluções em processos de tratamento de água. Hoje, com mais de 1 mil instalações, é reconhecida no mundo inteiro e atende grandes clientes institucio­nais como empresas alimentícias (Bunge, Unilever e Matte Leão) até grandes redes de hotéis (Renaissance, Hilton) e indústrias (3M, Eurofarma e Dow Química). Segundo Menasce, o fato da Brasil Ozônio estar incu­bada no Cietec e, por isso, ter o carimbo da USP, foi essencial para entrar no mercado com credibilidade. “Eu tinha para vender um novo produto e uma nova tecnologia, e entrar no mercado com duas inovações era muito difícil. Em uma situação dessas ou você tem muito dinheiro ou tem que ter um selo de qualidade”, comenta. Além disso, ofereceu troca de informação com pesqui­sadores e professores da USP, quando foi necessário, e proporcionou acesso a linhas de fomento.

Para Menasce, começar qualquer em­presa hoje no Brasil é dificultoso e investir em uma nova tecnologia é mais ainda, por­que necessita de capital humano e de re­cursos. “O governo tem que apoiar mais as incubadoras, disponibilizando recursos. Em países como Israel – cito pois conheço – a empresa entra na incubadora já recebendo um montante e isso facilita muito o início do negócio”, afirma. “Os recursos que conquis­tamos, porque estamos na incubadora, fo­ram fundamentais para nosso crescimento”, complementa. Continuar elaborando proje­tos para inovar com foco no tratamento de gases, água e alimentos faz parte dos planos da empresa para o futuro. Ecom a crescente exigência dos órgãos ambientais, Menasce já vislumbra as corporações necessitando de novas soluções que a tecnologia da Brasil Ozônio pode atender. “Estamos no olho do furacão na questão ambiental.”

Outra empresa incubada no Cietec que tem uma trajetória de sucesso é a Bioactive, comandada pelo dentista Israel Cabrera. A ideia de desenvolver produtos para enxertos, misturando polímeros e cerâmica, que aju­dam na reconstrução óssea, foi apresentada por ele no processo seletivo da incubadora. Uma vez aprovada a proposta, Cabrera teve ajuda para procurar investidores e recebeu dois importantes aportes. No primeiro, a fundo perdido da Finep, foram R$ 3 milhões. Depois, com a apresentação no 10º Seed Fó­rum Cietec/Finep, em 2011, conheceu seu atual sócio, que comprou uma participação minoritária da startup. Os planos, agora, são instalar a empresa em uma cidade próxima de São Paulo e conseguir aprovação na An­visa para o produto. “Foram quatro anos e meio na incubadora. A vivência e a troca de experiência com diferentes empresários acontecem muito rápido, a informação cir­cula de forma dinâmica e isso ajuda no de­senvolvimento do negócio”, avalia.

Na visão de Cabrera, a probabilidade de insucesso de um negócio é muito maior es­tando fora do processo de incubação. Estar mais próximo de editais, de informações sobre possíveis investidores e ter a oportuni­dade de participar de missões internacionais que possibilitam comparar seu negócio com outros é uma das maiores vantagens de estar incubado, na opinião dele. O convívio diá­rio no ambiente de incubação do Cietec fez Cabrera observar o comportamento de di­versos empreendedores. Eele percebe que existe um excesso de paternalismo do dono da ideia pelo seu produto. “Ninguém pode mexer, se intrometer, e qualquer opinião o dono da ideia bloqueia. Por isso, penso que o empresário teria que ser mais aberto às opiniões e ousar, abrindo seu plano de negócios para ser avaliado pela incubadora mais próxima da sua casa”, aconselha. Além disso, Cabrera considera muito importante o apoio das áreas jurídica e financeira nas incubadoras. “Empresa incubada não tem a mínima noção sobre quais impostos pagar e como fazer contratos”, afirma.

Cabrera acha que o Brasil tem pouquíssi­mas incubadoras, se for pensar no tamanho do País. “Muitas pessoas têm a inovação nas mãos e não sabem como fazer. O governo deveria ajudar muito mais e tentar orientar essas pessoas em como agir”, defende. Athos Vinícius Valladares Ribeiro, analista técnico da Unidade de Acesso à Inovação e Tecno­logia do Sebrae (Uait), constata que, em um cenário em que empresas competem acirra­damente para conquistar clientes cada vez mais exigentes e informados, as iniciativas inovadoras se sobressaem. O analista acredi­ta que somente incentivando a criação e o fortalecimento de empreendimentos inova­dores é possível contribuir para o aumento da competitividade nacional. “Por meio da consolidação da agenda da inovação e do co­nhecimento alcançaremos patamares cada vez mais altos e sólidos em relação à parti­cipação dos negócios nacionais na riqueza gerada pela nação, produzindo produtos e serviços de alto valor agregado”, resume.

Francilene alerta os interessados no pro­cesso de incubação para prestarem atenção ao perfil de cada instituição. As incubadoras de base tecnológica, por exemplo, são volta­das para estudantes, cientistas, empreende­dores e empresas que desejam desenvolver novos projetos, produtos e serviços basea­dos em tecnologia inovadora. Mas existem as incubadoras tradicionais, que aceitam empresas de setores tradicionais e as incu­badoras mistas, que abri­gam empresas de base tecnológica e de setores tradicionais. Eainda há, no Brasil, as chamadas incubadoras sociais, responsáveis por apoiar programas e projetos sociais; e as incubadoras culturais, que auxiliam no crescimento de projetos que envolvem a cultura. “O público-alvo atingido pela incubadora, portan­to, é bem amplo. O em­preendedor pode ser desde um artista ou um líder comunitário até um pesquisador”, diz a presidente da Anprotec.

Epara alcançar o sucesso ao ingres­sar em uma incubadora, além da dispo­sição para enfrentar desafios – que deve ser inerente a todo empreendedor –, o negócio tem que ter a inovação como um de seus principais diferenciais com­petitivos. Investir em pesquisa e fortale­cer a rede de relacionamento com pro­fissionais e instituições que contribuam para o processo de inovação devem ser metas constantes para empreendimen­tos incubados, pois garantem o cresci­mento sustentável.

Um dos pioneiros nacionais na ativida­de de incubação de empresas foi o Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), localizado em Florianó­polis. Com início das atividades em 1986, tem o propósito de aproveitar o conheci­mento gerado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para auxiliar os talen­tos que saem formados. Desde então, o Cel­ta colocou no mercado 70 novas empresas, com faturamento anual estimado em R$ 1,5 bilhão. Considerado o maior volume de em­preendimentos nascidos em incubadoras no País, é a maior incubadora da América Lati­na. Em tamanho físico também é referência: são 10,5 mil metros quadrados voltados para abrigar empresas inovadoras. O modelo da incubadora serviu de exemplo para implan­tação de outras similares em todo o Brasil. O Celta foi ainda a primeira a receber o prêmio de melhor do ano, em 1997, conferido pela Anprotec.

Atualmente, com 32 empresas incuba­das que faturam aproximadamente R$ 40 milhões ao ano e geram cerca de 800 em­pregos diretos, o Celta é administrado por Tony Chierighini. Ele explica que os custos para uma empresa ser incubada no Celta são pequenos: cerca de R$ 15 o metro quadrado com todos os serviços incluídos. “A grande proposta aqui é facilitar e acelerar o cresci­mento das empresas que são a maioria da área tecnológica. Ajudamos muito na gestão. Elas já entram com um plano de negócios e nós fornecemos acesso a consultorias para implementar ainda mais o plano e, se pre­cisar, muda-se a ideia para ser adaptada ao mercado”, ressalta. Assim, o empreendedor tem um acompanhamento completo que di­minui muito a chance de erros e ainda ajuda a profissionalizar o negócio.

Chierighini diz que a grande importân­cia do Celta é o desenvolvimento regional de Florianópolis. “Além do turismo, a capital catarinense se transformou em referência de inovação e isso contribuiu para o crescimen­to regional, geração de emprego e renda.” Segundo ele, a inovação pode ser no produ­to, processo ou serviço.

Entre as 250 pequenas e médias empre­sas que mais crescem no Brasil está a Cianet, incubada e agora já graduada pelo Celta. Fabricante de equipamentos triple-play (da­dos, TV e telefonia) e provedora de soluções em comunicação de dados, a empresa ficou incubada por oito anos. Fundada em 1994 por três estudantes de engenharia que con­quistaram duas patentes de privilégio de in­venção na área de redes de comunicação de dados, a Cianet nasceu com alma inovadora. Ao longo dos anos, a constante inovação dos produtos, a utilização da tecnologia de ponta e a contribuição de profissionais qualificados fizeram a empresa crescer, em média, 50% ao ano.

Para João Francisco dos Santos, presi­dente da Cianet, o período que a empresa esteve incubada no Celta foi muito bom por vários aspectos. “Quando se está com uma ideia fantástica, brilhante, não há espaço para pensar em tudo o que isso envolve. Eesse apoio inicial ajuda a ter mais sucesso do que começar sozinho”, declara. No Cel­ta, o aluguel da sala inclui serviços de con­domínio, garagem e telefonia. O apoio de infraestrutura vai reduzindo ao longo do tempo gradativamente. “Lá tivemos troca de experiência e cultura diferentes. O ambiente também é próprio para contratar. Tem um cadastro de possíveis colaboradores, então é uma sinergia muito grande”, comenta João Francisco.

Ele percebe que a empresa passa por pa­tamares de evolução, estágios de vida, como uma pessoa. “A fase incubada foi muito im­portante e todos esses aspectos facilitaram para a empresa evoluir. Quando saímos, conseguimos atingir um nível muito maior, com crescimento de 66% em 2012”, revela. Todos os incentivos da incubadora, segundo João Francisco, como ambiente para reuni­ões, cursos e acesso a palestras, acesso ao contador, por exemplo, são essenciais. “Es­ses detalhes tiram muito o foco do negócio e vejo como é fundamental o apoio ao empre­endedor, através das incubadoras.”

A visão de João Bernartt, sócio-fundador da Chaordic Systems, focada no desenvol­vimento de soluções de personalização em massa para o segmento de comércio eletrô­nico, não é diferente. Para ele, a incubadora é um lugar construído para dar suporte a empresas nascentes. Por este motivo oferece vantagens importantes para um recém-em­presário. “Estar incubado facilita a obtenção de incentivos tributários que auxiliam uma empresa em seu período inicial de desenvol­vimento”, avalia Bernartt, que também tem a empresa incubada no Celta.

“Existem fatores no chamado Custo Bra­sil, que é o conjunto de dificuldades encon­tradas para o crescimento da indústria nacio­nal, que, muitas vezes, impedem o aumento da competitividade do produto brasileiro”, analisa Bernartt. As nações que colocaram a ciência e a tecnologia como matriz do seu desenvolvimento representam hoje as mais ricas economicamente, destaca. “Por isso, é fundamental que o País tenha políticas e ações de fomento que possam ampliar o desenvolvimento do setor tecnológico. Eisto deve vir desde a educação básica, no ensino das disciplinas de matemática, física e lógica.”

Um dos grandes desafios, comenta Ri­beiro, é desmitificar o conceito de inovação e que sua ação não é mérito exclusivo de gran­des corporações. Ele cita o livro Inovatrix, do professor Clemente Nóbrega, especialista no tema, que defende o conceito de que ino­vação é “ganhar dinheiro novo”. Erelaciona a inovação diretamente com o mercado. “É preciso criar um ambiente favorável para que haja mais iniciativas empreendedoras motivadas por oportunidades de mercado e inovações do que por necessidade”, afirma. Para ele, a resposta está na integração de poder público, que deve assumir o protago­nismo do processo de desenvolvimento dos territórios legitimando políticas de fomento, incentivo fiscal e apoio à pesquisa com o capital privado – enquanto beneficiário e interessado nos efetivos resultados destas iniciativas. “Portanto, o empreendedorismo inovador deve ser priorizado como estraté­gia de desenvolvimento. Neste contexto, os habitats de inovação devem ser um dos ex­poentes do desenvolvimento socioeconômi­co, enquanto atores do processo de criação de inovações”, afirma Ribeiro.

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