Cinco anos se passaram desde que o primeiro iPhone foi lançado, em 29 de junho de 2007, em meio a grande antecipação e ceticismo: ele era tão diferente do que existia na época, que muitos duvidavam do sucesso da Apple em celulares – algo completamente novo para a empresa. 74 dias depois, um milhão de iPhones foram vendidos. Assim começou o impacto gigantesco da Apple nos smartphones e celulares em geral.
Steve Jobs, ao anunciar o primeiro iPhone na Macworld, disse que o novo aparelho estava “literalmente cinco anos à frente de qualquer outro celular”:
Hoje, o software em celulares é como um software-bebê. Ele não é tão potente. E hoje, vamos mostrar para vocês um avanço em software. Software que está pelo menos cinco anos à frente do que existe em qualquer outro celular.
Cinco anos atrás, ele estava certo. Os líderes em smartphone na época, as empresas que colocavam seu melhor software em celulares, eram Palm, RIM, Nokia e Microsoft. A Palm acabou; a RIM está morrendo; a Nokia está em apuros; e a Microsoft ainda está se encontrando no ramo.
O software era um dos grandes méritos do primeiro iPhone: tudo era mil vezes mais fácil e intuitivo do que existia na época. A concorrência demorou para chegar numa interface sem engasgos que responde rápido ao toque. Finalmente alguém trazia um navegador competente ao celular: nos outros celulares, o jeito era navegar em browsers horríveis com versões mobile ainda piores. E o iPhone tornava algo fácil a sincronização de músicas, fotos, contatos e mais com o computador.
Ao mesmo tempo, o software ainda tinha muito a percorrer. O iPhone OS 1.0 não rodava apps de terceiros: a Apple queria que os desenvolvedores criassem webapps potentes, já que o navegador poderia lidar com eles. Ele não enviava MMS, não tinha mensagem instantânea, nem tinha copiar-e-colar. Ele ainda não tinha funções empresariais (como suporte a Exchange), e o teclado virtual multitoque – apesar de ser um dos mais competentes por anos – ainda afastava clientes empresariais acostumados às teclas do Blackberry.
Havia tantas boas novidades, e ao mesmo tempo tantas ausências, que o primeiro iPhone inevitavelmente dividiu opiniões. E havia tanto a se explorar – e explicar – em detalhes, que o review do Gizmodo americano chegou a 10.000 palavras mais um adendo de 3.500 palavras. No fim, qual a recomendação? “Espere até que a Apple atualize o software.” Mas eles ficaram encantados com o iPhone que compraram, e não o devolveram. No Ars Technica, que escreveu um review de 15 páginas sobre o aparelho, ocorreu algo semelhante:
Nós ainda não vamos comprar o iPhone hoje, depois de usá-lo exclusivamente por algum tempo. No entanto, não vamos comprar outro smartphone; nós vamos esperar e ver quais atualizações de software (e hardware) podem sair para o iPhone num futuro próximo.
O novo iPhone chegou em julho de 2008, trazendo 3G, GPS e, finalmente, apps de terceiros. O sucesso foi ainda maior: em três dias, foram 1 milhão de iPhones vendidos, e 10 milhões de downloads na App Store. O sucesso da loja de apps foi tão grande que, até hoje em dia, toda plataforma que se preze tem uma.
O restante da história você já conhece: o iPhone 3GS com mais velocidade; o iPhone 4 perdido num bar com tela Retina; e o iPhone 4S com Siri. Mais de 217 milhões de iPhones foram vendidos desde 2007, e há mais de 650.000 apps na App Store.
O sucesso, obviamente, atraiu concorrentes. Como as gigantes do passado – RIM, Palm, Motorola – não conseguiram dar uma resposta à altura, coube ao Google entrar neste mundo novo de smartphones, após comprar e anunciar o Android no fim de 2007. O primeiro dispositivo chegou ao mercado no final de 2008, e ganhou seu primeiro flagship de respeito – o Motorola Milestone – no final de 2009. Hoje, iPhone e Android dividem o mundo de smartphones, enquanto as outras tentam conquistar espaço.
E foi assim que o iPhone começou a moldar o mundo de smartphones que temos até hoje. [Ars Technica e Wired]