Na madrugada de terça para quarta-feira foi ao ar uma reportagem no Jornal da Globo que evidencia os anos-luz de distância entre a rede de dados que nós temos cá no Brasil com o que os consumidores já têm nos Estados Unidos e no Japão. Sim, sim, os dois países são mercados desenvolvidos em que as operadoras investem os bilhões necessários.
Ainda assim, o vídeo serviu para nos deixar com água na boca. A qualidade da imagem está baixa, por momentos o áudio sai de sincronização e não foi publicado em uma conta da Globo no YouTube, mas é o que temos para agora. Assista.
Há algumas incongruências na reportagem exibida pela TV Globo. Mesmo se tratando de um telejornal para um público diferenciado, nem sempre especializado em tecnologia – nem com interesse em se especializar, devo dizer –, não dá para acreditar que mostraram ali um iPhone 4S como sinônimo de dispositivo compatível com o LTE. Não é.
Nos testes feitos pelo Jorge Pontual nos Estados Unidos, um tablet conectado aparentemente à rede da operadora Sprint apresentou velocidade de mais de 10 Mbps (o certo são megabits por segundo, embora o repórter tenha dito megabytes por segundo no LTE). Já no 3,5 (presumindo que seja o padrão HSDPA ou HSUPA) a velocidade máxima foi de 370 kbps.
Portando uma conexão Wi-Fi ligada no 4G, um transeunte conseguiu baixar uma foto em “apenas 20 segundos” e outro copiou um podcast para o celular “em apenas 1 minuto”. Não dá para saber o tamanho dos arquivos, mas as pessoas que colaboraram para a reportagem parecem realmente impressionadas com o que presumimos ser o LTE.
Outro repórter no Japão conseguiu transmitir vídeo do celular para um computador na afiliada da emissora sem perda de conexão.
O nosso intrépido tecnoblogger Lucas Braga fez uma listinha básica dos padrões considerados como 3G, como 3,5G e como 4G, bem como as respectivas velocidades de download (prometidas, veja bem). Vou te dizer que eu não sabia de todas as gerações da banda larga móvel.
- 2G — GSM. Conexão via CSD ou HS-CSD (até 38 kbps).
- 2,5G — GPRS (até 114 kbps).
- 2,75G — EDGE (até 236,8 kbps).
- 3G — WCDMA (até 384 kbps).
- 3,5G — HSDPA (até 7,2 Mbp de download e 384 kbps de upload) e HSUPA (até 7,2 Mbps/5,8 Mbps).
- 3,75G — HSPA (até 14,4 Mbps/5,8 Mbps) e HSPA+ de única portadora (até 21 Mbps/5,8 Mbps).
- 4G — HSPA+ de duas ou mais portadoras (até 42 Mbps/11,4 Mbps). Em tese pode chegar até 168 Mbps.
Por enquanto ficamos com o HSPA+, considerado parte do 3,75, oferecido pela Claro e Vivo. A TIM anunciou o HSPA+ de única portadora mas ainda não entrou em operação. Oi e CTBC preparam as redes para a tecnologia. A única empresa que oferece LTE de fato é a Sky em Brasília, porém para banda larga fixa — eles não oferecem com mobilidade.
Mesmo com todos os pequenos deslizes que a reportagem comete, uma coisa continua certa: estamos longe de ter o 4G por aqui. A Anatel, agência reguladora de telecomunicações, ainda não fez o leilão das frequências para que a rede móvel com a tecnologia entre em operação. Deve acontecer ainda nesse ano — antes tarde do que nunca.
A propósito. Até onde eu sei não existe pronúncia correta para “tablet”. Tem quem fale como no inglês, porém também já vi executivo de operadora dizendo “tablete” em bom português.
Colaborou: Lucas Braga.
Jornal da Globo mostra que ainda estamos longe do 4G