A mídia pauta bastante as discussões políticas do país, o que pode inclusive influenciar o rumo das eleições. Para ajudar a compreender o que jornalistas e especialistas das principais publicações do país estão dizendo em suas capas, surgiu o Manchetômetro, iniciativa do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
O Manchetômetro vai analisar as manchetes de 4 dos principais jornais diários brasileiros – Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo e o Jornal Nacional – destacando as matérias que citam Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, candidatos que lideram as pesquisas eleitorais.
O acompanhamento é diário, e ajuda a mostrar o tom – favorável, negativo ou neutro – das chamadas jornalísticas, através de um algoritmo que identifica palavras chaves e atualiza os gráficos automaticamente. Ou seja, não se trata de um caráter subjetivo de avaliação, e a intervenção de um supervisor acontece apenas se os chamados ‘codificadores’ não chegarem em um consenso.
Com isso, os gráficos se tornam uma importante ferramenta para fomentar um olhar mais crítico sobre o jornalismo político. Por exemplo, as matérias de capa dos jornais analisados mostram um equilíbrio ao falar dos candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos, mas há uma disparidade enorme entre os comentários favoráveis e desfavoráveis a Dilma.
Analisando apenas as capas dos jornais de maior circulação e alcance, o Manchetômetro acaba oferecendo uma análise um pouco superficial, que inclusive não inclui algumas publicações com viés diferente das selecionadas.
Contudo, o foco da iniciativa não é ser densa, mas sim veloz, como explicou o coordenador do projeto, João Feres, em entrevista à Galileu: “A academia tem um tempo de maturação que geralmente é bem longo. Resolvemos fazer um esquema tecnológico para produzir uma análise em tempo real, mesmo que não muito profunda”, esclarece.
Atualização em 07/08 às 13:19:
O leitor Thássius Veloso também destaca a iniciativa do jornal O Globo de verificar as promessas dos presidenciáveis desse ano no blog Preto no Branco. Uma força-tarefa jornalística vai se esforçar em verificar o que os políticos dizem em suas campanhas e a veracidade ou possibilidade daquilo se tornar uma realidade.
“Daremos ‘falso‘ quando a informação do candidato estiver comprovadamente errada ; ‘insustentável’ quando não houver dados isentos que comprovem sua afirmação; ‘contraditório’ quando ele disser algo diferente daquilo que havia dito antes; ‘ainda é cedo para dizer’ para quando o candidato estiver se antecipando; ‘exagerado’ para quando estiver ampliando dados em seu favor; e ‘verdadeiro, mas’ para a informação que está certa, mas que merece uma explicação”, explica a editora assistente Cristina Tardáguila, que coordenará a equipe do Preto no Branco.
A diferença é que o blog do O Globo irá usar a investigação e interpretação jornalísticas como base, levantando dados e analisando quais deles são condizentes com o discurso do candidato em questão. Já no caso do Manchetômetro, essa análise é feita usando algumas palavras chaves, e só é sujeita a interpretação humana nos casos em que o algoritmo não conseguir chegar à uma decisão.
Mas olha, Will McAvoy estaria orgulhoso com todas essas iniciativas, hein?
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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