Vender para quem todo mundo quer vender é fácil, se relacionar com quem quem todo mundo quer se relacionar é moleza. Eu quero ver você amar aquele que menos merece quando ele mais precisa. Você está pronto para isso?
O telefone toca na mesa do Vice-Presidente de Marketing de uma das maiores redes de varejo do Brasil. Ele acaba de voltar do almoço e está olhando para a emergente Vila Olímpia em São Paulo do alto do décimo sétimo andar do seu escritório localizado no topo de umas das novas torres de mármore do bairro. Por se tratar de uma ligação externa, a chamada é automaticamente redirecionada para a mesa da secretária.
“Empresa ABC, Cristina, bom dia!”, responde a Gerente de Consultoria Pessoal da Diretoria (a menina não gosta de ser chamada de secretária).
“Oi Cristina, tudo bem com você?”, anuncia a voz carregada de sotaque nordestino do interior do cabra da peste.
“Olá?”, responde seca e surpresa.
“Cristina, eu estou te ligando hoje porque no próximo dia 5 de Junho eu estarei em São Paulo liderando uma missão comercial que vai levar 30 empresários do interior do Rio Grande do Norte – aqui de Mossoró –, para conhecer os negócios em São Paulo. Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e levá-los até o seu escritório para fazermos um pequena tour de três horas de duração pelas suas instalações, conhecer os seus principais executivos, aprender as suas melhores práticas, ouvir a opinião dos seus diretores sobre as tendências do mercado, e trocar informações sobre São Paulo, o Brasil e Mossoró. Será que vocês tem um horário no próximo dia 5 de junho para receber o nosso grupo no seu escritório?”
(Essa é uma história REAL vivida por mim 60 dias atrás).
Qual você acha que foi a resposta que eu recebi da secretária?
Responda essa pergunta pensando no que VOCÊ faria.
Você pararia tudo que você está fazendo para compartilhar informações estratégicas da sua empresa com um grupo de empresários que você não conhece vindos de uma terra que você nem sabe onde fica?
Eu tenho certeza que a sua resposta politicamente correta para esse mundo politicamente correto e CHATO em que estamos vivendo hoje seria:
“Opa! Claro que eu receberia! Eu pararia tudo que eu estou fazendo, cancelaria todas as reuniões importantes já marcadas, tiraria uma ou duas noites para atualizar os slides da apresentação da empresa, reuniria as melhores práticas, e compartilharia de coração aberto todos os nossos números, pesquisas de mercado, nossos acertos e falhas com a turma de Mossoró!”
Até parece.
Comigo você não precisa usar máscara corporativa. Seja honesto.
Fala sério, você ia esnobar a galera de Mossoró; você ia tirar o maior sarro da cara dos caras; você ia inventar alguma bela desculpa furada para dispensar a galera educadamente. Talvez pedisse para a Gerente de Coaching para Diretores Adjuntos da Diretoria enviar uma cópia em PDF do Relatório Anual da empresa junto com um chocolate, e assunto encerrado. Você tem mais o que fazer na Vila Olímpia do que receber uma turma de zé ninguém do interior do Rio Grande do Norte.
Tem consultor, professor, apresentador de televisão e executivo brasileiro falando que chegou a hora do Brasil ensinar “biuzines” para o resto do mundo. Talvez realmente tenhamos alguma coisa para “ensinar” para o primeiro mundo.
Eu vou fazer um favor para os brazucas que estão escrevendo livros sobre o jeito brasileiro de fazer “biuzines”, e sugerir um título para um dos capítulos mais importantes do livro:
“Executivo brasileiro é arrogante e não recebe absolutamente ninguém que ele não conhece.”
Tá duvidando?
Então tenta falar no telefone com qualquer um dos caras que aparece em alguma das reportagens da Revista Exame dessa quinzena.
Eu pago 100 reais se você pegar um dos caras no telefone, 200 reais se ele responder ao seu email, 500 reais se ele te receber para uma reunião de negócios.
A pança egocêntrica dos caras já é enorme, depois que saem na Revista Exame não vale né?
Os caras não recebem ninguém. Os caras não estão nem ai para o desenvolvimento de novos REAIS negócios. Os caras esnobam o que eles não conhecem. Os caras querem faturar o máximo agora, tirar pedido prá ontem, ganhar dinheiro imediatamente. Dane-se todo o resto.
E ainda se orgulham de dizer que esse é o estilo brasileiro de fazer negócios.
O que esperar do empresário brasileiro, quando o supra-sumo dos caras – Eike Batista – tem como meta ser o cara mais rico do mundo?
Você acha mesmo que o Bill Gates, Warren Buffett, Steve Jobs, Sam Walton, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos – os supra-sumos do capitalismo “imperialista (segundo os imbecis da esquerda brasileira que não entendem NADA de capitalismo) tinham em mente serem os caras mais ricos do mundo????
É phoda!
Voltando a minha histórinha, a secretária transferiu a minha ligação para o Vice-Presidente de Marketing; eu consegui marcar a visita dos 30 empresários na empresa. Durante a visita nós tivemos acesso as mais incríveis informações estratégicas que podíamos imaginar. Nós tivemos a oportunidade de conhecer as suas melhores práticas, os seus erros, os números, os investimentos; nós visitamos as suas instalações, eles responderam a todas as nossas perguntas, e ainda ganhamos brindes da empresa.
“Mas Ricardo, você não acabou de dizer que os caras não recebem? O que você fez para conseguir a visita?”
Bom, eu não fico em Mossoró, e eu não liguei para um cara na Vila Olímpia.
Eu fico em São Paulo, e liguei diretamente para o Vice Presidente de Marketing da maior empresa varejista de brinquedos do mundo, a Toy R Us que fica em Nova Iorque nos EUA.
Eu nunca tinha visto o cara na minha vida. Ele nunca tinha ouvido falar de mim. Eu simplesmente peguei o telefone e liguei. O cara atendeu no segundo toque, eu expliquei as minhas intenções exatamente como descrevi acima, e 60 dias depois lá estávamos eu e um grupo de 30 brasileiros em Nova Iorque ouvindo o Vice Presidente de Comércio Eletrônico Mundial da Toy R Us compartilhar todas as suas idéias, planos, números e estratégicas sobre comércio eletrônico sem qualquer medo de ser passado para trás, roubado ou sacaneado.
A maneira de fazer negócios no Brasil evoluiu nos últimos anos?
Sim, sem dúvida (eu acho, ou espero). Mas eu acredito que ainda temos muito que evoluir na maneira que colaboramos, compartilhamos e ajudamos a desenvolver os nossos próprios mercados.
O americano compartilha a informação porque acredita que quanto maior o número de lojas de brinquedos no mercado, mais desenvolvidos serão os clientes. O número de fornecedores cresce, o número de publicações do meio cresce, a qualidade dos funcionários melhora, e consequentemente a quantidade de clientes aumenta.
O empresário que pensa em ser apenas o maior do mundo, e busca o crescimento pelo crescimento, apenas pensando na dominação dos territórios, não pode ser considerado um empreendedor, ele é um extrativista de recursos.
O propósito do meu texto não é comparar os EUA com o Brasil, mas fazer VOCÊ pensar sobre qual é a atitude que VOCÊ tem com relação ao desenvolvimento do seu próprio mercado.
Você está comprometido com o desenvolvimento das coisas; ou ainda tem medo de compartilhar o pouco que sabe????
O que você está fazendo pelo desenvolvimento daqueles que tem menos conhecimento que você?
As vendas de celulares, televisores, churrasqueiras, carros, viagens, escovas para cabelo, comida japonesa etc podem estar aumentando, mas a violência, o descaso e a desigualdade mental entre as pessoas também está aumentando.
Aqueles que tem menos que você não querem arroz e feijão, eles querem reais oportunidades de fazer um upgrade em suas vidas.
O que você está fazendo para reduzir drasticamente a diferença de quem sabe para quem não sabe nada?
NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA!
QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim. E Você?
Via RSS de BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.
Leia em BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.