“Quando eu tinha quatorze anos, eu achava o meu pai tão ignorante, mas tão ignorante, que eu tinha vergonha de ser visto ao seu lado; mas quando eu fiz vinte e um anos, eu fiquei super impressionado com a quantidade de coisas que ele aprendeu em sete anos.”
Assim que eu comecei a ganhar dinheiro o suficiente eu sai da casa dos meus pais e fui morar sozinho.
Eu aluguei um pequeno apartamento super simpático com um quarto, cozinha e sala localizado a uma música do meu trabalho. Naquela época eu morava tão perto do escritório que não dava tempo de ouvir a segunda música do CD. As vezes eu levava várias semanas para ouvir um CD inteiro.
Durante alguns anos eu levei uma típica vida de solteiro workaholic. Na cozinha não tinha fogão, apenas microondas; na geladeira, só dava lasanha congelada da Sadia; na sala, não tinha sofá, apenas uma cadeira para ler e trabalhar; televisão nem pensar, apenas uma estante cheia de livros, revistas e CDs; a decoração a là Casa Cor passou longe, eu mesmo furei bem mal furado todas as paredes do apartamento com posters de Star Wars, Matrix, Poderoso Chefão, John Lennon, Iron Maiden, Rent, Sócrates & Aristóteles, Robert Doisneau e Kandinsky.
No guarda-roupa eu estava up-to-date. Roupinhas de marca, reloginho de playboy e perfume de galã; na garagem eu também estava up-to-date. Carro do ano importado, lavado e cheiroso (apesar de estar devendo seis prestações para o banco e dois IPVAs para o governo). O corpinho também estava up-to-date. Depois de 12 horas de trabalho, eu ainda arrumava tempo para um joguinho de squash, uma corridinha no Parque do Ibirapuera, uma treinadinha na Academia, e uma sessão de bronzeamento artificial (afinal eu precisava manter o meu álibi com as gatinhas de dono de casa pé-na-areia em Maresias Kkkkk).
Na vida amorosa eu também não tinha do que reclamar. Sempre bem informado sobre as melhores baladas, eu fazia questão de não perder nenhuma – de segunda a segunda.
Enfim, a vida perfeita.
Bem, nem tanto assim.
90% dos homens solteiros não viajam – a não ser a trabalho; não trocam de apartamento – a não ser que sejam despejados pelo dono do imóvel.
O maior conflito emocional das suas vidas é o medo de pedir aumento de salário para o chefe, ou curtir os posts da antiga paixão dos tempos do colégio na Facebook; o maior compromisso das suas vidas é com as próximas 24 prestações do seu Vera Cruz 2012 (que inclusive é carro de mulher. Kkkk); o seu maior patrimônio é a sua coleção completa de filmes pornográficos armazenados em 50 terabytes de disco rígido.
Eu acabo de descrever a minha vida quinze anos atrás. Uma infância de Peter Pan que se repetiu monotonamente por vários anos, e da qual não sinto falta alguma.
Eu me tornei adulto quando eu casei.
Eu me tornei um homem quando nasceu a minha primeira filha.
Eu me transformei em ser humano quando me tornei Pai.
Eu sou alguma coisa nessa vida porque tenho uma Família.
Nada menos que isso interessa!
Hoje eu tenho que acordar cedo e dormir tarde porque as contas a pagar não param de chegar.
As minhas roupas não estão mais up-to-date e o perfume que eu uso tem mais de cinco anos; o carro tem quatro anos, o antigo corpinho de Hulk está mais para a pança do Shrek, e a última balada que eu estive presente foi uma apresentação da Hannah Montana Cover em um Buffett Infantil domingo a tarde antes do Fantástico.
Eu perdi o novo filme do Woody Allen porque tive que assistir o Homem Aranha com o meu filho. Eu deixei de comprar um aplicativo para iPad, porque precisei comprar o novo app da Disney para a minha filha.
Eu preciso trocar de carro porque não cabem os filhos, eu preciso trocar de casa porque não cabe a sogra, eu preciso encontrar um novo lugar para passar as férias porque o barato do ano passado já perdeu a graça.
Eu preciso crescer, crescer e crescer, e eu estou super feliz com isso. Eu não posso descansar, eu não posso parar, eu não posso pisar na bola, eu não posso ficar doente, e estou super feliz com isso. Eu preciso dar o exemplo, ser o exemplo, apontar exemplos, e estou super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando a carteira que você usava para guardar dinheiro, carrega agora fotos dos seus filhos, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando percebe que a melhor coisa que você pode fazer pelos seus filhos é amar a mãe deles, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando não cansa e não para de ensinar os seus filhos mesmo sabendo que eles não estão entendendo nem metade das coisas que você está falando, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando diz para a sua filha pedir autorização para a mãe mesmo quando a mãe já disse para pedir autorização para o pai, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando se sente confortável para aprovar, desaprovar, aceitar e perdoar o espírito adolescente dos seus filhos, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando aparece com um buquê de rosas nas mãos no final da apresentação de balé da filha mesmo sabendo que ela se sente embaraçada na frente das amigas, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando está presente para abraçá-la e beijá-la momento em que ela vai embarcar para fora do país por alguns anos, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando recebe os seus filhos de volta, de braços abertos, não importa o tempo que passou, e tudo que aconteceu, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando percebe que todo mundo pode ter um filho, mas é preciso muito esforço, mas muito esforço, todos os dias, para ser um Pai, e você está super feliz com isso.
Você sabe que se tornou um pai de verdade quando pára de dar desculpas para não estar presente na vida dos seus filhos.
Em algum momento durante o dia de hoje, o seu filho estará errado. Você vai estar lá para dizer a ele?
No final da sua vida, você vai perceber que a verdadeira medida de um homem é a educação que ele deu aos seus filhos. O quê você deu a eles, o que você fez para afastá-los das coisas erradas, as lições que você ensinou e as lições que você permitiu que eles aprendessem sozinhos.
O mundo em que nós vivemos nunca precisou tanto de um Pai como agora. Na verdade, se estamos no buraco, é por falta da presença do Pai.
Não deixe as funções que você tem que representar nessa vida atrapalharem o seu papel de Pai. A vida passa muito rápido, a empresa em que você trabalha vai desaparecer em alguns anos, e o seu filho não.
Esteja presente, seja o Pai que o futuro merece. O mundo inteiro agradece.
NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA.
QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?
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