Após uma semana sabática sem postar, venho aqui falar da saudade, um dos recursos mais recorrentes na criação. Substrato da mente humana, reflete coisas que a gente viveu ou mesmo que enxergou pelos olhos de outras pessoas, queridas ou não. É reflexo, inclusive, de coisas saudosas que a gente nem sabia que existiam até aquele segundo.
Aliás, como sentir saudades de algo que nunca esteve com a gente? Pois é, acontece. E muitas vezes cineastas, escritores, amantes, ex-amores e, quem diria?, até os publicitários se valem dessa sensação pra derreter seu coraçãozinho. E pra isso não há remédio. É como aquele final de Lost in Translation, quando o Bill Murray cochicha no ouvido da Scarlett Johansson, ou mesmo o John Cusack gravando um K7 só com as músicas que fariam sua noiva feliz após ela voltar pra casa em Alta Fidelidade. É, enfim, o juiz tentando impedir o Adam Sandler de adotar o menininho em O Paizão.
Aquilo a gente não viveu, ou apenas passou por algo que se assemelha, num contexto que fosse, talvez, semelhante. Porém, lembremos, AQUILO exatamente a gente não viveu.
Então é isso, anotaê: saudade, recurso criativo. Aproveita o bloquinho na mão e escreve também: quando a vida afasta um adulto querido, a lembrança acorda a gente de noite. Quando afasta uma criança, a lembrança acorda a gente de dia.
O vídeo abaixo, de 2009, é de uma dupla chamada kidswithcrayons, formada por Jamie Havill e Carey Moyle, estudantes ingleses de cinema. Enfim, com esse duo eles só lançaram o filme abaixo.
Só.
Se chama My Favourite Things.