O físico Charles Townes, cujo trabalho ajudou a estabelecer as bases para o desenvolvimento do laser, faleceu nesta terça-feira (27). Ele tinha 99 anos. Sua carreira se expandiu para muito além de um interesse em lasers, chegando à astronomia e até a um fascínio pela espiritualidade.
O Dr. Townes teve uma carreira incrível como cientista, ganhando o Prêmio Nobel de Física em 1964. Mas ele é talvez mais conhecido como o inventor do laser. Townes também foi um pioneiro no campo da astronomia por infravermelho, e foi o primeiro a descobrir água no espaço, próxima ao centro da Via Láctea.
A invenção do laser é um conceito realmente confuso. Nos anos 1950, Townes criou um maser, dispositivo que produz ondas eletromagnéticas usando a amplificação de micro-ondas. Alguns anos depois, ele concebeu a ideia de fazer um “maser óptico”, baseado na amplificação da luz, cujos detalhes foram patenteados.
Gordon Gould, da ARPA (hoje DARPA), e Ted Maiman, do Hughes Labs, estavam trabalhando em uma pesquisa semelhante no final dos anos 50. Maiman foi na verdade a primeira pessoa a construir um laser prático em 1960, trabalhando parcialmente com base na pesquisa publicada por Townes.
Por sua contribuição para a criação do maser e laser, o Dr. Townes ganhou o Prêmio Nobel de 1964, compartilhando-o com os cientistas russos Aleksandr M. Prokhorov e Nicolai G. Basov, que também estavam trabalhando de forma simultânea e independente, na União Soviética, para criar o laser.
E como explica a Universidade da Califórnia em Berkeley, onde Townes era professor emérito, seu trabalho foi primordial para muitos avanços na ciência e tecnologia:
Até hoje, mais de uma dúzia de prêmios Nobel foram concedidos para trabalhos envolvendo lasers. Os lasers são incorporados em produtos eletrônicos de consumo e fibras ópticas, equipamentos de topografia e impressoras, espetáculos de luz e laser pointers. Lasers são usados para cortar metal, para cortar tecidos durante uma cirurgia, para aprisionar átomos, e até mesmo para iniciar uma fusão nuclear.
Townes passou a usar masers na radioastronomia e lasers na astronomia e interferometria por infravermelho, e promoveu a sua utilização em áreas tão diversas como a precisão de cronometragem – o relógio atômico – e a comunicação extraterrestre. Com a ajuda de lasers, ele e seus colegas detectaram as primeiras moléculas complexas no espaço interestelar e mediram a massa do buraco negro no centro da nossa galáxia.
Townes seria mais conhecido mais tarde em sua vida por defender a ideia de que ciência e religião iriam se fundir no futuro, revelando os segredos da criação.
“Eu olho para a ciência e a religião como bastante paralelas, muito mais semelhantes do que a maioria das pessoas pensa e, a longo prazo, elas devem convergir”, Townes diria a uma multidão de Harvard, em 2005. “O universo é fantasticamente especializado, mas como é que ele aconteceu?” [UC Berkeley]
Foto: Charles Townes mostra seu maser durante uma coletiva de imprensa, em 1955 (Associated Press)
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