O artigo de hoje foi escrito por Marcos Rezende, que escreve regularmente sobre desenvolvimento pessoal e negócios no Insistimento.
Fui criado no subúrbio do Rio de Janeiro, mais precisamente em Realengo, bairro da Zona Oeste da cidade, próximo a Bangu, Padre Miguel e Deodoro.
Era década de 90 e eu pegava um trem todos os dias às 7 horas da manhã para ir de Realengo até o Centro onde ficava a empresa onde eu era empregado.
Eu caminhava uns quinze minutos da minha casa até a estação de trem, pagava a passagem e ia em direção a plataforma onde o trem lotado em direção a zona central da cidade parava para o embarque.
A viagem de quarenta minutos a uma hora era marcada por muito barulho, calor e aperto, pois a cada nova estação, mais gente entrava naquele ambiente que já estava lotado.
Me lembro de chegar no trabalho suado com a roupa colando no corpo antes do expediente começar.
Enfim, o tempo passou, eu parei de pegar trem e para mim aquilo não é mais uma realidade.
Porém, para amigos meus daquela época essa realidade ainda está tão presente que eles chegam a publicar fotos do aperto que passam dentro dos trens quase vinte anos depois nas redes sociais.
O que aconteceu de diferente comigo que não aconteceu aos meus amigos?
Se morávamos no mesmo lugar e praticamente tínhamos acesso as mesmas oportunidades, o que aconteceu de diferente para eu preferir sair do lugar enquanto eles optaram por continuar a viver aquela mesma vida todos os dias por quase vinte anos?
Mentalidade de vira-lata
Durante muito tempo eu cultivei uma mentalidade de vira-lata.
Mesmo sendo um cachorro o vira-lata se contenta em revirar lixos e viver de migalhas dadas pela vida ao invés de perceber que ele poderia se dar algo melhor.
Eu me julgava pela aparência, pelo lugar onde vivia e pelo tanto de dinheiro que eu tinha no bolso.
Eu não dava a devida importância a força que vinha de dentro.
Durante o tempo que me permiti ser vira-lata, substituí meus planos e sonhos por pequenos momentos de alegria.
Comprei um mp3 player, roupas bonitas e uma mochila da moda para mostrar para os outros vira-latas quem eu era.
Assim eu me sentia importante, me sentia alguém. Eu me considerava um vira-lata melhor.
De fato, eu tinha vergonha de ser pobre e preferia ter um olho em terra de cego do que ter um olho em terra de quem tinha dois olhos ou, pelo menos, abrir os meus dois olhos.
Eu troquei a oportunidade de construir a minha história durante um tempo pelo barzinho chique do final de semana ou a prestação do carro debaixo do travesseiro.
Se existe uma coisa que aprendi, foi que para sair do lugar não precisamos sofrer para aprender o caminho. Basta somente termos uma visão de futuro e caminharmos de encontro a ela ao invés de nos permitirmos “viver o presente” para “curtir a vida”.
Não tenha vergonha de ser pobre, ou melhor, de estar pobre.
A menos que você tenha trocado a oportunidade de persistir na busca pelos seus sonhos pela manutenção do status da sua vidinha.
Todos, todos nós podemos sair do lugar onde não estamos satisfeitos, bastando uma concentração do foco e nenhuma distração.
Aliás: “Foco é dizer não” ~ Steve Jobs
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Marcos Rezende, 35 anos, praticante de jiu-jitsu, pai de dois filhos e padrasto de outras duas meninas, escreve regularmente sobre desenvolvimento pessoal e negócios no Insistimento. Conheça o Campus Insistimento, um ambiente que reúne conteúdo de primeira, orientação profissional e apoio financeiro para o seu projeto.
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