Empresas que usam telemarketing como estratégia de vendas… Não dá para entender como isso ainda existe. Uma coisa é usar o Call Center como canal de atendimento para pessoas interessadas em um serviço ou um produto. Mas colocar alguém para ligar exaustivamente para elas – nos horários mais inconvenientes, diga-se de passagem – é algo bastante diferente. A falta de critério dessas ligações chega a ser bizarra. Os discursos prontos são piores ainda. Isso quando a oferta não vem com aquela linha fina de contrapartidas duvidosas. Imagino que alguns índices de conversão de vendas devam justificar tudo isso. Mas, na boa, é muita preguiça intelectual.
Nos últimos vinte anos, a comunicação evoluiu de uma forma que ninguém poderia imaginar. Saímos da telefonia analógica para ambientes digitais de mobilidade e colaboração. O mundo está conectado. As possibilidades de inteligência de negócio e relacionamento nunca foram tão amplas. O diálogo entre marcas e consumidores, se não é absolutamente verdadeiro, passou a ser pelo menos mais possível. E chegamos até esse ponto para que? Para promover conversas de telefone desinteressantes, entre pessoas mais desinteressadas ainda? Acho que não.
Poderia citar aqui mil exemplos de experiências desastrosas de telemarketing (aliás, recebi uma ligação enquanto escrevia esse texto, juro). E, antes que alguém fale, sei que a prática estende ao mundo digital (levante a mão quem já recebeu uma solicitação de aplicativo esdrúxula). Mas acredito o ponto central da questão seja outro. O problema, na verdade, é que, na ânsia de bater metas a qualquer custo, muitas empresas se esquecem de que termos como market-share e público-alvo são apenas jargões para falar de pessoas. Rotular em grupos de consumo como Geração Y e Classe C todo mundo quer. Agora, tentar entender o que seus integrantes realmente desejam, como indivíduos, já é outra história.
Relações mais humanas e verdadeiras entre empresas e pessoas. Está aí uma boa ideia de negócio.