“No universo digital, a modelização, a simulação, a apreensão, a análise e a crítica são partes de um mesmo processo que por vezes dura horas, minutos, segundos”, Fábio Duarte, arquiteto e urbanista.
Belo Horizonte, como se sabe, foi uma das cidades escolhidas para sediar a Copa do Mundo de 2014. Mineiro não é bobo, trataram de contratar, para elaboração do projeto arquitetônico de modernização do Mineirão, Gustavo Penna. Um breve apanhado sobre o currículo do arquiteto mineiro demonstra o cuidado na escolha do profissional. Ex- professor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG e ex-assessor do Ministério da Cultura para espaços culturais. Em 2011, recebeu dupla premiação: da revista Arquitetura & Construção, ganhou o troféu “O Melhor da Arquitetura 2011”.; e o projeto Casa Manacás foi agraciado com o International Architecture Awards.
Penna propôs contornando o estádio, uma grande praça (em vários níveis), de onde irá se projetar uma larga “passarela” para o Mineirinho. Entenda-se a passarela como um passeio elevado (pelas perspectivas parece ter a mesma largura de uma via automobilística), com direito a arborização no segmento intermediário: monumental. Vegetação, eis uma questão que me deixou em dúvida sobre o conforto térmico dessa proposta. Embora tenha achado sensacional a amplitude da praça e imagine o espaço completamente livre de obstáculos condizente com uma ocupação volumosa de pessoas, como é típico em eventos esportivos, sinto falta de maiores trechos sombreados. Durante os dias ensolarados não será muito agradável perambular por lá.
“O Complexo Mineirão se integra ao conjunto Urbanístico-Arquitetônico da Lagoa da Pampulha e edificações do seu entorno, formando o mais vigoroso pólo turístico e cultural da capital mineira. São equipamentos que, complementados, reequipados e revitalizados, serão capazes de se transformar em um Complexo de inequívoca dimensão internacional”, trecho do memorial disponível no site da GPA&A – Gustavo Penna e Associados.
Para a elaboração do projeto executivo foi contratado o escritório não menos gabaritado: BCMF Arquitetos. Também pertencem a ele os créditos das imagens ilustrativas do projeto. A equipe possui experiência comprovada na concepção de edifícios relacionados à prática esportiva: receberam a Medalha de Ouro no Primeiro prêmio IAKS LAC e o Special Prize no IOC/IAKS Award.
Se quiser saber mais informações sobre o Novo Mineirão, além dos sites dos escritórios de arquitetura, o estádio possui endereço próprio na internet. Ao carregar a página, um time – cujo formato faz referência icônica à planta baixa do Mineirão – marca aos 90 minutos, daí você poderá dar um giro de 360° ao som da torcida. Se não chega a ser uma realidade virtual, é uma forma de fruir o espaço online. Além do mais, é disponibilizado um conteúdo enciclopédico: você poderá descobrir de onde veio a grana para as obras, quais jogos ali foram disputados e seus placares, número de gols por ano e que a fachada do estádio é tombada pelo Conselho de Patrimônio Histórico de Belo Horizonte. Além da página oficial, o Novo Mineirão conta com twitter, página no facebook e canal no Youtube.
Há pouco tempo atrás, mesmo uma obra desse porte – que modifica um espaço tão simbólico quanto um estádio – seria resolvida com desenhos em duas dimensões, umas poucas perspectivas, quem sabe uma maquete e um memorial descritivo. Agora, aos recursos tradicionais, ainda utilizados, acrescem-se as modelagens tridimensionais que auxiliam na criação, facilitam o convencimento do cliente quanto ao partido arquitetônico e a exiquibilidade das ideias mais ousadas; ao serem disponibilizadas na rede, permitem uma melhor comunicação com o público. A obra não é simplesmente executada, é remotamente vivenciada através dos diversos aplicativos tecnológicos e redes sociais disponíveis.
E essa quantidade toda de fusca?
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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