A Apple mandou o Google Maps passear e colocou seu próprio serviço de mapas no iOS 6, mesmo ele estando capenga (e reconhecendo isso mais tarde). Apesar desse início turbulento, a empresa espera que o negócio vá melhorar com o tempo. Nós acreditamos nisso, mas o caminho até lá pode ser mais complicado do que parece.
Em um detalhado artigo publicado no Technology Review do MIT, David Talbot explora os passos que a Apple terá que tomar para fazer dos seus mapas algo a par com as soluções de Google e Nokia. Ele lembra, entretanto, que essa escalada não é exclusividade da Apple e que, no passado, as duas rivais também penaram para aprimorar vários aspectos dos seus serviços, reconhecidamente os endereços. A diferença é que isso, para elas, foi na década passada; para a Apple, é um problema novo.
Um ponto crucial abordado por Talbot é a forma de aprimorar o serviço de mapas. Pelas manifestações públicas de Tim Cook acerca do assunto, ficou claro que a Apple aposta muito no crowdsoucing, ou seja, na colaboração dos usuários, no feedback derivado do uso do Mapas, para ajeitar as coisas por lá. Infelizmente, o canal que a empresa oferece para receber a valiosa contribuição do usuário não é tão eficiente, ou aberto, quanto o do Google Maps — no caso, através do Google Map Maker. O equivalente do Mapas da Apple tem poucas opções e é mais “engessado”, não dá tanta liberdade para o usuário botar a mão na massa. E falta gente. Michael Dobson, da TeleMapics, uma consultoria em mapas, estima que o Google tenha entre 5 e 7 mil colaboradores voluntários. A Apple? “Não acredito que a Apple tenha mais do que umas duzentas pessoas trabalhando nisso no momento”.
Outra vantagem importante do Google sobre a Apple são os carros do Street View. Além de fazerem fotos das cidades pelas quais passam, os carros colhem uma série de dados, inclusive placas, sinais e fachadas, que os algoritmos do Google convertem automaticamente em dados que são consumidos pelo Google Maps. O Mapas da Apple tem o Flyover, aquele 3D meio esquisito e cheio de defeitos (mas esses, também segundo Dobson, são facilmente corrigíveis), mas ele não traz de carona esse caminhão de dados úteis de forma indireta ao serviço.
E como se não bastassem essas dificuldades técnicas, é preciso lembrar que o mundo, os estabelecimentos comerciais, estão em constante transformação. Schuyler Erle, especialista em mapas digitais, diz que existem no mundo pelo menos 100 milhões de “pontos de interesse”, possivelmente uns 300 milhões. Ele aponta um estudo, conduzido em San Francisco, que mostrou que em um ano 10% dos estabelecimentos da cidade ou mudaram de endereço, ou fecharam, ou abriram. É preciso um esforço enorme apenas para manter a base de dados atualizada.
A Apple precisará de muita ajuda e, ainda assim, terá bastante trabalho para melhorar seus mapas. Não é impossível, mas será uma tarefa árdua. O texto completo, com mais estatísticas e detalhes dos bastidores dos mapas digitais, você encontra no link ao lado. [Technology Review. Foto: Sancho McCann/Flickr]