Fungos são, quase universalmente, uma coisa não muito boa de se ter nas paredes ou bens pessoais. E normalmente, vender algumas dessas coisas não é nem legalmente permitido. Mas uma empresa chamada Ecovative não liga para isso e criou embalagens e materiais de construção a partir de fungos – e estão sendo considerados visionários por isso.
A Ecovative foi fundada por Eben Bayer e Gavin McIntyre, que começaram a fazer experimentos com fungos como parte de um projeto escolar. Hoje, eles empregam 35 pessoas e mantêm uma instalação enorme em Nova York, onde criam micélio, que forma a base de fungos. Micélio é como cola: gruda em qualquer coisa que aparecer pela frente – normalmente, matéria orgânica de baixo valor como caules de planta, cascas ou algodão – para criar uma rede super-densa de segmentos. A Ecovative cria isso em caixas escuras durante cinco a sete dias, e depois usam o calor extremo para impedir o crescimento de esporos. “Esporos vêm do corpo frutificado, ou cogumelo”, explica Sam Harrington, da Ecovative. “Como não crescemos o micélio por tempo o suficiente para formar um cogumelo, não há preocupações alergênicas no nosso processo.”
O processo da Ecovative é transformativo em duas maneiras. Primeiro, existem todas as propriedades biológicas únicas do micélio, que pode crescer muito em poucos dias. Como um organismo bastante rápido, ele é ideal para fabricação. E então há o fato de que ele pode crescer e caber em qualquer molde, quase como se fosse uma espuma densa. A Ecovative cria tudo desde embalagens detalhadas para laptops, a amplos painéis de isolamento para casas. Eles são capazes de controlar a densidade de cada produto, simplesmente ao parar o processo de crescimento em determinados momentos. O experimento mais recente? Arquitetura com micélio. Neste mês, eles mostraram o que chamam de Pequena Casa Cogumelo, uma cabine pequena cujas paredes interiores estão cheias de isolamento de micélio. “Nós vemos um futuro no qual materiais de cogumelo serão encontrados no carro, nas paredes da sua casa e dentro da sua mesa”, diz Harrington.
O grande desafio de escalar a crescente operação de fungos é provavelmente a percepção pública dos produtos. Embalagens de origem orgânica normalmente são vistas como golpes por equipes de marketing de empresas, mas nem tanto assim pelo lado logístico das coisas. Neste ano, a Ecovative está se aliando à Sealed Air Corporation, a empresa de 50 anos de idade que inventou o plástico-bolha, para abrir uma fábrica em Iowa, onde vão dimensionar a produção de embalagens. Eles também estão conversando com fabricantes de eletrônicos para usarem embalagem de micélio em laptops e tablets. “Nós testamos este material em câmaras climáticas sob condições extremas e não encontramos problemas”, explica Harrington.
Harrington coloca a Ecovative como a mais recente em uma longa lista de grandes empresas químicas e de materiais dos Estados Unidos. “Down e Dupont passaram os últimos 100 anos transformando petróleo e gás natural em todos os tipos de materiais e plásticos”, ele explica. “Mas com consequências ambientais não muito boas. Nós queremos ser os líderes deste século em material sustentável”. Empresas como Dow e Dupont passaram os últimos cem anos desenvolvendo produtos químicos para evitar mofo. Agora, a Ecovative está pronta para passar os próximos 100 anos incentivando.