Amanhã a Microsoft vai anunciar a compra da desenvolvedora sueca Mojang, criadora do jogo Minecraft – é o que publicações como Bloomberg e Wall Street Journal vem comentando desde quarta-feira. Especulam que o valor da aquisição pode chegar a 2,5 bilhões de dólares. Por que o valor da empresa é esse?
O jogo teve uma versão alfa em 2009, uma beta em 2010 e, no dia de seu lançamento oficial, em 12 de janeiro 2011, vendeu mais de 1 milhão de cópias. Funciona em Windows, Mac, Linux, Xbox e Playstation e tem versões de bolso para iOS e Android – onde tornaram-se os jogos com maior faturamento. O site da empresa afirma que mais de 16,5 milhões de pessoas já compraram o jogo apenas nas plataformas Windows e Mac. O preço atual para Mac é de 26,95 dólares e para iPhone custa 6,99 dólares.
Aparentemente, o negócio tem saúde e alguns dos motivos que o pessoal comenta sobre o interesse da Microsoft é levar uma versão especial do jogo para o Windows Phone. Em geral, os motivos para aquisição de uma empresa (ou parte de uma empresa) podem incluir um interesse nos dividendos (distribuição de lucros) ou uma acquihire (comprar a empresa para ficar com os fundadores e a equipe). Entretanto, caso o movimento da Microsoft realmente aconteça, pode estar motivado pelo que Bill Aulet (diretor do Programa de Desenvolvimento Empreendedor do MIT) publicou no Wall Street Journal.
No artigo “The new mathematics of startup valuation”, Aulet explica, a partir de seu livro Disciplined Entrepreneurship, que um de seus motivos favoritos na avaliação e aquisição de uma empresa é o “Efficient customer acquisition”. Ele explica que essa estratégia é praticada quando o que está à venda não são os produtos ou a empresa em si, nem mesmo a equipe: o que é negociado é a base de clientes. Aulet explica que esta medida vem da relação entre o custo de aquisição de clientes (COCA em inglês, ou CAC em português: quanto uma empresa investe para conquistar um novo cliente) e o “lifetime value” (faturamento que um cliente adquirido vai trazer para a empresa ao longo da vida).
Dependendo do seu negócio, adquirir um novo cliente pode custar zero, 10 dólares, 10 mil dólares ou qualquer valor. Obviamente, startups e corporações querem gastar o menor valor possível mas ainda assim comprar o máximo possível com esse investimento. Para Aulet, um negócio vale a pena se o lifetime value de um cliente é de ao menos 3 vezes o custo de aquisição daquele cliente. Ele explica que o Facebook, quando pagou 19 bilhões pelo Whatsapp (lembre), estava comprando cada cada usuário do Whatsapp por 42 dólares e estimando um lifetime value de 120 dólares.
Como a plataforma Windows Phone não é a mais usada no meio mobile, a Microsoft pode realmente estar interessada em, de alguma forma, converter os minecrafters em minewindows ou microcrafters. Pelo pensamento de Aulet, os 2,5 bilhões de dólares divididos por 16,5 milhões de clientes (contando apenas os de desktop) dariam um valor de 151,51 dólares por cliente desktop pagos pela Microsoft à Mojang.
Quantas coisas a Microsoft venderia diretamente para esses minecrafters para recuperar seu investimento? Ou quanto ela recuperaria com a vinda de outros parceiros e fornecedores que se interessem pelos minecrafters? A vermos primeiro se a aquisição vai mesmo ser feita, se vai ser mesmo por esse valor, se é realmente para explorar os atuais clientes.
O post Outra lógica de valuation: Microsoft pode comprar Minecraft por causa dos jogadores apareceu primeiro em Startupi.com.br.
