Existem dois tipos de discípulos. Aqueles que seguem um mestre e aqueles que não seguem ninguém. Os que seguem um mestre, ouvem o que o mestre fala, falam o que o mestre lhes ensina, mas não agem como o mestre age. Já os que não seguem ninguém, podem ser divididos em dois tipos, os que seguem muitos e os que seguem a si mesmos. Seguindo muitos, ouve-se muito, fala-se muito e não se age como os muitos agem, já que não há foco na busca. Seguindo a si mesmo, não se ouve ninguém, não se fala nada e tão pouco se age porque não há modelo de ensinamento de partida.
Se as pessoas que dizem seguir a um mestre não produzem resultados que a capacitem a se tornarem mestres da mesma forma que os que não seguem ninguém tão pouco produzem resultados visíveis de melhora material, emocional e espiritual, pode-se assumir que talvez, em ambos os casos, a falha esteja no modelo de aprendizado que está sendo adotado pelo discípulo.
Durante muito tempo li muito – e continuo lendo – sobre diversas filosofias espirituais onde a cada livro, esta passava a ser uma realidade para mim. Papagaiava por aí transmitindo os ensinamentos que havia aprendido com intenção de tornar o ouvinte membro daquele pensamento que eu já fazia parte, assumindo ser este ensinamento, o melhor para mim e para todos ao meu redor. Visivelmente eu deixava de lado o principal mandamento que Gandhi nos deixou: “Seja você a diferença que deseja para o mundo.”
Desta forma não me tornei mestre e tampouco produzi resultados materiais, emocionais ou espirituais que me valessem a posição, mas no entanto, percorrendo este caminho, enxerguei no meu modelo de aprendizado um erro. Eu admirava e seguia meus mestres, mas não os copiava. Eu não compreendi que existe uma diferença muito grande entre escutar e ouvir, entre ver e perceber e entre agir e ser. Todos eles me ensinaram algo que serviu de insumo intelectual para o meu ego dizer que conhecia uma coisa ou outra a mais que as outras pessoas, mas apesar de ter coletado muita informação, pouca ou nenhuma dela eu aprendia, pois não copiava o “dever do quadro” para praticar “em casa” aquilo que havia sido ensinado.
É MAIS IMPORTANTE SER QUE TER OU CONQUISTAR
Não existe nada no mundo que valha mais a conquista do que nós mesmos. Nada no mundo, fora de nós, pode nos dar mais confiança e segurança do que uma boa estabilidade emocional e espiritual. A estabilidade material vem como consequência da realização destas duas. Se uma mudança repentina na situação da sua vida ocorre e você não tem uma base emocional e espiritual solidificada, você desaba e sofre por um período que é determinado pelo seu grau de imaturidade emocional e espiritual até entender que a causa daqueles seus problemas, foi você mesmo. Até mesmo uma catástrofe mundial como uma guerra ou um tsunami.
Por quê isso? Porque não é o que acontece que muda as pessoas, é como as pessoas recebem aquilo que acontece que as transforma. Se formos sólidos e tivermos realizado um trabalho prévio de conquista do nosso ego através do autoconhecimento, estaremos preparados para qualquer embate, mesmo sendo ele tão terrível como os que citei anteriormente. O importante da vida não é seguir um mestre e agir como se tivesse aprendido o que ele ensina, mas tornar-se um mestre, sentindo, pensando, falando e agindo como ele. Tornar-se uma cópia fiel daquele – ou daqueles – que temos como nossos guias.
COMO COPIAR SEU MESTRE?
Primeiro, vamos definir mestre. Mestre é toda aquela pessoa ou personagem que você tem alguma admiração, percebendo nele algo que possa aprender e principalmente, copiar. Pode ser uma pessoa da sua família, uma figura pública ou até mesmo um personagem histórico. Eu por exemplo, guardo como modelos de mestre para mim, algumas pessoas como o meu pai, Ayrton Senna e Mahatma Gandhi. Cada um deles me ensina virtudes diferentes que diariamente copio.
Meu pai por exemplo era um cara muito esforçado que não tinha preguiça para trabalhar. Logo, sempre que sinto aquele desânimo para mudar as situações da minha vida, lembro-me de copiá-lo e agir com esforço no meu trabalho. Já Ayrton Senna era um cara extremamente focado e, por consequência, disciplinado. Ele era o melhor – diz seu preparador físico Nuno Cobra – não porque ele tinha algum talento especial, mas porque ele fazia aquilo que entendia como correto para atingir as suas metas. Ele FAZIA e isto é uma coisa que poucas pessoas conseguem. Desde que comecei a estudar Gandhi – um mestre da paz e da não-violência – baixei meu nível de agressividade para próximo do zero chegando ao ponto de sequer gritar com meus filhos mesmo quando eles fazem aquela bagunça ou destroem algo importante. Aprendi – e continuo aprendendo – que não há menor necessidade de violência com qualquer pessoa. Que a franqueza, a educação e a diplomacia são as melhores armas em qualquer situação.
Apesar de ter citado acima algumas das qualidades de alguns dos meus mestres, a melhor maneira de copiar alguém não é enxergando suas virtudes para incorporá-las a si, mas copiando suas atitudes. Afinal, atitude é tudo! E quando falo de atitude, quero dizer copiar até mesmo o semblante e a forma de andar daquela pessoa. Quando estudamos PNL (Programação Neuroliguística) aprendemos que podemos ensinar ao espírito através do corpo. Uma mudança na maneira de agir, ensina muito mais do que uma ideia compreendida, pois quando você age, você não ensina somente ao seu cérebro como se comportar, mas principalmente ensina aos seus músculos (ou seus “cavalos”) a fazer as coisas da forma como seu mestre fazia.
Continue seguindo ao seu mestre, mas quando estiver ouvindo-o não preste atenção somente nas suas palavras, mas concentre-se em perceber as suas atitudes. Estude como ele anda, como ele se comporta em determinadas situações, como ele fala, como ele toma uma atitude enérgica, etc. Se você não segue ninguém (o que é bem difícil uma vez que pelo menos temos modelos familiares de pessoas que seguimos por mais que não queiramos) aponte no papel modelos de comportamento que gostaria de agregar ao seu comportamento e comece a executá-los a partir de hoje. Pouco a pouco, em ambos os casos, logo você, e as pessoas ao seu redor, sentirão a diferença para melhor no seu comportamento.
E se você de uma certa forma me admira, pare com isso e comece a me copiar. Quando você pensa que alguém é tão especial, é porque você mesmo, dentro de você, se sente uma pessoa especial. Se é assim, porque não copiar seus mestres e agir no mundo tornando-se um? Não precisamos de líderes à frente das empresas, mas sim de mestres emocionalmente, espiritualmente e materialmente estáveis. Comece a cópia agora!
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