Marc Freedman, um estudioso das questões econômicas e sociais pertinentes aos que chegam à meia-idade, defende que é possível ser um empreendedor depois dos 50. E ele mostra, com dados de uma pesquisa realizada em 2011, que pelo menos nos Estados Unidos esse fenômeno é realidade: cerca de 60% dos donos dos 15 milhões de pequenos negócios no país nasceram antes de 1965.
Passar de certa idade pode trazer frustrações no mundo corporativo, especialmente para aqueles que sentem as oportunidades de trabalho minguar e sabem que seus cabelos grisalhos não ajudam a abrir portas. Talvez por isso que, segundo outra pesquisa realizada no ano passado, um em cada quatro americanos com entre 44 e 70 anos tenha se mostrado interessado em começar um negócio próprio.
Em um artigo publicado recentemente no site da Harvard Business Review, Freedman aponta ainda outros dois fatores que podem impulsionar o empreendedorismo entre pessoas mais maduras. Um deles é o fato de que, para parte delas, a criatividade e inovação atingem seu pico nessa fase da vida. Outro diz respeito à necessidade de devolver algo para a sociedade, que fica mais latente com o passar dos anos. Entre os americanos que querem começar negócios próprios citados no parágrafo anterior, aproximadamente metade deseja investir em algo que seja interessante para determinada comunidade ou ajude a resolver problemas sociais.
No mesmo artigo, o pesquisador cita o exemplo de Randal Charlton. Durante sua meia-idade, ele fundou três empresas, mas apenas uma foi bem sucedida. Sua difícil situação financeira o levou a procurar empregos que ele nunca tinha imaginado buscar, como o de vigia noturno. Certo dia, ele se encontrou com Irv Reid, fundador de uma incubadora de empreendedorismo, que acabou contratando-o por sua experiência e sua veia empreendedora. Atualmente, Charlton tem sua própria empresa, que trabalha ajudando pessoas com mais de 50 a mudar suas carreiras, apostar no empreendedorismo ou realizar trabalhos voluntários.
Freedman alerta que empreender na segunda metade da vida não é fácil e não deixa de envolver riscos, como prova a história de Charlton. Mas apesar das dificuldades que podem surgir no caminho, de uma coisa o pesquisador está certo: há, sim, vida depois dos 50.