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Por que imposto zero para cápsulas de café é ruim para o planeta?


Eu adoro café. Se pudesse, tomaria café o dia inteiro. Uma pena que o meu café é horrível e comprar uma daquelas máquinas de cápsulas está fora da realidade do meu orçamento, porque as cápsulas são caras. Quer dizer, eram: o governo anunciou ontem que o imposto das máquinas de cápsula de café — e das próprias cápsulas — está zerado até 31 de dezembro deste ano. Que bom, não é mesmo? Vou poder tomar café o dia inteiro e ainda pagar de rico entre meus amigos. Bem, é bom para nós. Para o meio ambiente, nem tanto.

A Câmera de Comércio Exterior (Camex) divulgou no diário oficial desta quarta-feira (1) uma resolução que zera o imposto dos seguintes produtos:

  • Café Torrado e Moído em doses individuais acondicionadas em cápsulas
  • Aparelhos eletrotérmicos de uso doméstico para preparação instantânea de bebidas, em doses individuais, a partir de cápsulas

Traduzindo: estas máquinas de café, como a Dolce Gusto, da Nescafé, ou da Nespresso, ou qualquer outra marca que tenha lançado uma destas cafeteiras expressas — e suas respectivas cápsulas — receberam um, digamos, “desconto” até o fim deste ano: a alíquota de 20% e 10% (para as máquinas e cápsulas respectivamente) foi extinta até o fim deste ano. Mas por quê?

De acordo com a Camex, esta é uma medida que visa a criar mercado e atrair investimentos para a fabricação destes produtos no Brasil — o que já ocorreu, pois ano passado, a Nestlé anunciou a primeira fábrica de cápsulas de café da companhia fora da Europa. Segundo informações da Exame, a previsão é que construção da fábrica termine até o fim de junho e sua operação se iniciará em seguida, no segundo semestre. Espera-se que 360 mil cápsulas sejam criadas no país até o fim de 2015. E isso é bom, certo? Veja, depende do ponto de vista. Para quem gosta de café, como eu, é ótimo, é prático, é fácil. Mas as cápsulas são feitas de materiais que não são biodegradáveis, cuja reciclagem representa um desafio.

Plástico

“Não importa o que digam, as cápsulas nunca serão recicláveis” , disse John Sylvan, criador das K-Cups, as primeiras cápsulas de café, ao The Atlantic. O material usado para fazer estas cápsulas é um plástico especial, conhecido como Plástico #7, e é feito de quatro camadas diferentes, protegendo o café contido dentro dela como um abrigo nuclear protege humanos do apocalipse. Além do plástico especial, que não pode ser reciclado em qualquer lugar, as cápsulas são formadas por um filtro, grãos e o topo de alumínio — o que deixa o café incrível ao paladar, mas ruim para meio ambiente, já que não são componentes práticos de se separar, tornando ainda mais limitado o número de centros que podem reciclá-las.

>>> Plástico biodegradável se decompõe tão devagar quanto plástico normal

E o que tudo isso significado? Toneladas de plástico que não podem ser reciclados acumulando em aterros, ou incinerados, poluindo ainda mais o nosso ar. Uma campanha chamada “Kill the K-Cups” pede o fim das cápsulas, argumentando que a quantidade de cápsulas descartadas em 2014 poderia circundar o nosso planeta 10,5 vezes. Veja o vídeo da campanha:

O consumo das cápsulas triplicou desde 2011, nos Estados Unidos, de acordo com dados do MarketWatch; outros dados mostram que, há um ano, 13% dos americanos bebiam pelo menos uma cápsula por dia, segundo informações da National Coffee Association. As K-Cups dominam cerca de um quarto do mercado nos Estados Unidos, o que só piora a situação.

Não temos as K-Cups no Brasil, mas Nestlé e Nespresso não tornam as coisas muito mais fáceis por aqui. A Dolce Gusto, da Nestlé, alega que as cápsulas são recicláveis, porém: “Para reciclar basta abrir a cápsula e separar o plástico, o alumínio e o orgânico”. Hmm, não é exatamente simples.

A Nespresso, por sua vez, alega que suas cápsulas são feitas inteiramente de alumínio, que pode ser derretido e reutilizado. Não informa, no entanto, se é preciso fazer a separação dos materiais como nas cápsulas da concorrente. Entretanto, ela oferece pontos exclusivos de coleta das cápsulas para a reciclagem, 770 só na Espanha. Poxa, que bom. Mas e no Brasil? Apenas 12.

Então, avaliando a situação, o problema não chega a ser tão diferente do dos EUA, podendo até ser pior, uma vez que ainda temos problemas para reciclar, com um sistema de coleta seletiva que ainda é restrito e não funciona muito bem. O auxílio dado pelo governo certamente fará com que as máquinas de café em cápsulas se tornem mais populares, mas com esse aumento nas vendas seria de extrema importância que as empresas investissem não só na reciclagem, como em cápsulas feitas de materiais mais amigáveis ao meio ambiente. Meu paladar agradece e a minha consciência também. [G1, The Atlantic, Exame, Quartz]

Imagem de capa: joeshlabotnik/CC

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