Você pode ter um milhão de amigos (na verdade, até cinco mil) no Facebook, mas a quantidade de atualizações que aparece no Feed de Notícias será sempre pequena se comparada ao todo. E isso é feito de propósito, para aumentar o engajamento dos usuários. Se antes os critérios dessa seleção eram pura especulação, agora não mais. O Facebook contou como eles atuam e, de quebra, anunciou mudanças para deixar a sua área vital mais esperta.
No evento de ontem, Lars Backstrom, gerente de engenharia do Facebook, explicou como o Feed de Notícias funciona. Todo dia, quando você abre o Facebook, existem em média 1500 atualizações (status, links, fotos etc) potenciais de seus amigos, páginas e pessoas que você segue. Algoritmos fazem uma curadoria automatizada, baseada em diversos sinais emitidos por você (comentários, curtidas, ocultações do Feed e por aí vai), e ao fim atribuem uma “nota” para cada item potencial. O objetivo? Baixar a quantidade de itens 1500 para 300, os 300 com a maior pontuação segundo três critérios: afinidade (entre você e o contato), peso (do tipo de post) e tempo (itens mais novos têm preferência).
Essas atualizações são as que aparecem no Feed de Notícias e, diz o Facebook, tal medida aumenta a interação — os usuários ficam mais contentes e interagem mais com essa amostra limitada de tudo que acontece na rede. A ideia é que todo esse trabalho resulte nas 300 que você gostaria de ver, deixando de fora os PPTs da sua tia, ou os links sensacionalistas seguidos de comentários inflamados daquele colega da faculdade chato. O Feed de Notícias é um trabalho constante de aperfeiçoamento. O Facebook faz testes A/B com 1% da base de usuários e, se o resultado for positivo, estende as mudanças para todo o resto.
O anúncio de ontem marcou a primeira declaração pública de como o Feed de Notícias do Facebook funciona. Em seguida a essas informações, mudanças para otimizar a exibição de conteúdo gerado na rede foram anunciadas. (O que significa que todas essas mudanças se aplicam apenas ao conteúdo orgânico, ou seja, nada disso afeta o conteúdo pago das páginas.)
O que muda? Algumas coisas, sendo a principal o que se chamou “Story bumping”.
A ideia aqui é que conteúdo “antigo” não se perca em prol de conteúdo repetitivo. Ficou confuso? A explicação do Facebook é mais clara:
“Quando os usuários entram no Facebook pela manhã, um número finito de atualizações é mostrado na tela. Eles podem rolar a página para ver mais atualizações, mas é inevitável que os usuários acabem deixando algumas para trás [sem serem vistas] antes de saírem da rede. Este mecanismo garante que, quando o usuário entra novamente no Facebook, mais tarde naquele mesmo dia, algumas dessas atualizações não vistas serão trazidas de volta ao topo do Feed de Notícias, junto a outras que tenham sido postadas no intervalo desde o seu último acesso à rede social.”
Esta imagem também ajuda a entender:
Não é como se o Facebook fosse virar um Google Reader, com contador de mensagens não lidas e marcações claras do que foi visto e do que não foi. Esses elementos geram “culpa” no usuário, e o Facebook só quer que você se sinta… bem, feliz e, claro, viciado em seu serviço. O objetivo é mostrar mais conteúdo novo para você, em vez de repetir o que já foi visto se atendo apenas ao aspecto cronológico do Feed.
Esta mudança será vista primeiro na web, e apenas para quem usa o Facebook em inglês. Em um momento posterior ela chegará aos apps móveis e a outros idiomas.
Outra coisa importante é o “último ator”. Essa mexida faz com que interações recentes tenham um peso maior na geração do Feed de Notícias. O Facebook diz que, com ele ativo, as últimas 50 interações (curtidas, comentários, compartilhamentos) são levadas em conta e aplicadas na sequência para mostrar itens no Feed. Ela já vale tanto para a web, quanto para os apps móveis.
As mudanças, pelo menos no papel, são boas. O Feed de Notícias é importante no contexto da rede social: é nele onde a maioria dos usuários passa mais tempo e por onde descobrem conteúdo e interagem com ele. Esse aperfeiçoamento constante é necessário, quase tanto quanto o que o Google faz em seu buscador para mantê-lo competitido, e já era conhecido. O que há de novo aqui é essa maior transparência do Facebook em relação ao recurso. [Facebook via The Next Web]