Enquanto nas bibliotecas brasileiras a adoção dos e-books ainda é tímida, nos EUA a primeira biblioteca pública do país sem livros físicos está chegando ao condado de Bexar, no Texas.
A nova biblioteca livre de livros, chamada “BiblioTech”, promete ser inaugurada no quarto trimestre na cidade de San Antonio, e deve ser o início de um sistema de bibliotecas que se expandirá pelas cidades vizinhas.
A BiblioTech vai emprestar leitores de e-books (não foi revelada a marca), que custarão US$100 cada ao governo. Você pode ficar com eles por até duas semanas; depois disso, eles parariam de funcionar. E claro, você precisa informar nome e endereço para levar o e-reader para casa, a fim de inibir roubos. Na biblioteca também haverá computadores para usar, mas nada de livros físicos.
A ideia de criar esta biblioteca veio do juiz Nelson Wolff, um bibliófilo com mais de 1.000 livros físicos em sua coleção particular. Ele diz que se inspirou a criar a BiblioTech após ler a biografia de Steve Jobs. Ele também diz: “se você quer ter uma ideia de como será [a Bibliotech], entre em uma Apple Store”.
Wolff estima que o acesso aos primeiros 10.000 títulos deve custar US$250.000. E lembra: esta biblioteca sem livros não substitui as outras – é um complemento. “As pessoas sempre vão querer livros físicos, mas não os encontrarão na nossa [biblioteca]“.
Nos EUA, várias bibliotecas de universidades já adotam e-books com sucesso. Mas em bibliotecas públicas, tentativas de fazer o mesmo não deram muito certo: ou o público não aceitou a ideia, ou pediu livros físicos também.
No Brasil, é difícil encontrar casos de biblioteca pública que oferece e-readers: temos a Biblioteca de São Paulo, por exemplo, que desde 2010 oferece alguns Kindles para uso interno (sem empréstimo). Quanto a bibliotecas de universidades, praticamente todas elas oferecem artigos acadêmicos em PDF; livros inteiros, no entanto, são mais raros.
Entre as poucas que fazem isto, temos a coleção da PUC-RS para alunos e pesquisadores; e a UFAM, no Amazonas, que recentemente inaugurou sua coleção de 3.500 títulos para acesso na universidade. A Capes, por sua vez, oferece acesso a e-books em português da editora Elsevier; enquanto a SciELO Books tem e-books editados por universidades brasileiras. E claro, ainda há as iniciativas do eBooksBrasil e Portal Domínio Público, que oferecem livros digitais de graça para todos.
A primeira biblioteca pública dos EUA sem livros deve ser aberta até o final do ano, e parece um passo curioso para o que pode ser o futuro. [San Antonio Express via DVICE]
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